Hector sempre acreditou que seu destino estava selado entre deveres e batalhas, até que sua vida é virada de cabeça para baixo com a aparição de uma mulher através da lendária Árvore Sagrada – um portal entre mundos. Beatrice, uma jovem aprisionada por tradições e um casamento arranjado, clama por liberdade, e a própria magia ancestral responde ao seu desejo. Lançada em um mundo desconhecido, ela descobre segredos sobre si mesma que jamais imaginou, despertando poderes que podem mudar o equilíbrio entre reinos. Entre eles, há choque e fascínio. Hector, cético quanto a lendas sobre almas destinadas, se vê cada vez mais enredado por essa mulher que não pertence ao seu mundo, mas que parece ter nascido para ser dele. Beatrice, por sua vez, precisa descobrir como equilibrar o amor que surge ou seu destino traçado. Mas quando forças ocultas começam a se mover, colocando em risco não apenas suas vidas, mas o futuro de todo o reino, Hector e Beatrice terão que lutar juntos, superar suas diferenças e se entregar a uma paixão que pode ser a chave para a salvação de todos.
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Enquanto estava em minha cadeira, revisando algumas matérias, ouvi um grupo de meninas conversando sobre uma árvore que parecia ser mágica, com folhas de um tom meio azulado, às margens do rio Relva.
Fiquei pensando se essa seria a mesma árvore da qual minha mãe me falou anos atrás. A questão era que essa árvore estava localizada em nossa propriedade, em um terreno privado. Isso me fez questionar o motivo de aquela garota estar lá.
Nunca acreditei muito em histórias de magia. Era bastante cética em relação a tudo isso. No entanto, algo naquela conversa despertou meu interesse. Uma delas estava contando que testemunhou um ritual sendo realizado naquele local durante a madrugada.
As outras a questionaram sobre o motivo de ela estar lá naquele horário. Afinal, era um lugar isolado, não havia muito o que ver além da paisagem, mas durante a madrugada, isso certamente era algo bastante incomum.
— Não importa o que eu estava fazendo lá. O que realmente importa é que foi bastante estranho presenciar aquelas mulheres vestidas de branco, segurando velas e dançando ao redor da árvore. Tenho certeza de que aquela árvore é mágica. A cena me deixou arrepiada e, até agora, quando lembro do que acontecia lá, sinto a mesma sensação. Parecia que a canção estava sendo gravada na minha alma.
— Você está sendo muito supersticiosa. Daqui a alguns dias, provavelmente aparecerá um vídeo na internet com essas mesmas características. É bem possível que estivessem filmando algo com algum propósito específico.
— Posso assegurar que não havia ninguém filmando. Elas simplesmente dançavam e cantavam uma canção que eu nunca ouvira antes, em uma língua que eu jamais ouvira falar. E a árvore parecia brilhar.
Nesse momento, o professor entrou, e todas se silenciaram, retornando aos seus lugares. No entanto, aquela situação continuou a ocupar meus pensamentos. E se essa árvore fosse realmente mágica? Se ela pudesse de fato conceder desejos?
Tudo que eu precisaria era de uma única oportunidade. E eu estaria disposta a arriscar tudo por ela, inclusive a minha própria liberdade, sabendo que essa era a possível consequência se eu fosse pega.
Meu pai me confinaria em casa, e eu só teria permissão para sair no dia do meu casamento. Fiquei me perguntando por que tive que ser a primogênita. Tudo teria sido tão diferente se fosse minha irmã.
Ela estava empolgada com a ideia de meu pai escolher um pretendente para ela, o que só poderia acontecer após o meu casamento, de acordo com outra regra idiota.
Minha irmã estava, nesse caso, contando os dias para que eu me casasse o mais rápido possível. Minha família tinha uma lista interminável de regras e, mesmo estando em um século tão avançado, algumas delas permaneciam inalteradas. Muitas são notavelmente arcaicas.
Fazemos parte de uma organização fechada, na qual os membros se casam entre si. Não há parentesco direto entre os casais, eliminando qualquer possibilidade de casamento consanguíneo.
No entanto, essa ainda é uma tradição profundamente arcaica. Desde o nascimento, o filho primogênito é prometido a alguém escolhido pelos líderes da organização. Mesmo quando atingimos a idade adulta, não temos a liberdade de quebrar esse compromisso, pois isso traria desonra à nossa família e os colocaria em risco de serem expulsos daquela organização.
Nunca concordei com essa prática. No entanto, recusar o marido escolhido pela organização representaria a destruição de toda a vida que minha família conhecia. Além disso, implicaria na perda de tudo o que conquistamos até o momento.
O rapaz a quem eu estava prometida mal era conhecido por mim. Embora ele nunca tivesse me tratado mal, eu ansiava por um casamento baseado no amor. Queria estar com alguém por escolha própria e não devido a um acordo idiota feito no momento do meu nascimento.
Eu desejava experimentar o frio na barriga, a sensação de mãos suando, o arrepio na espinha e a constante ânsia de estar perto de alguém, como os livros que eu lia secretamente descreviam. Não queria apenas deitar em uma cama e me entregar a um marido que não havia sido minha escolha.
Ansiava por aquele fogo, aquela paixão, aquela urgência que só se sente quando se está perto de alguém que ama. No entanto, a cada dia que passava, isso parecia ficar mais distante para mim, e eu estava começando a perder as esperanças… até que ouvi aquela conversa.
Eu nunca tive amigos. Era conhecida como uma aluna exemplar, sendo rotulada pelos outros estudantes como “nerd” por não me misturar. Fui proibida de criar laços com pessoas que não estivessem dentro do nosso círculo, e a amizade era considerada um desses laços proibidos. Até hoje, não entendo o que tanto eles queriam esconder.
Após o jantar, esperei até que todos estivessem dormindo. No entanto, quando me preparei para sair, percebi que minha mãe se despedia do meu pai, vestindo um longo vestido branco. Aguardei até que meu pai entrasse em seu quarto e, então, saí em direção à tal árvore mágica. Fiquei surpresa ao ver uma comitiva de mulheres vestidas da mesma forma que minha mãe, segurando velas acesas e seguindo na mesma direção para a qual eu me dirigia.
Mantive uma distância para evitar ser descoberta. Era uma caminhada considerável, e havia inúmeras mulheres entoando uma canção com vozes suaves que, como a garota na minha turma mencionou, parecia tocar a alma. No entanto, era uma língua que eu desconhecia, algo que eu nunca soube que minha mãe falava.
Depois de algumas horas ali, cantando aquela cantiga, elas apagaram as velas e voltaram em direção às suas casas. Só depois disso, quando tive certeza de que elas já estavam bem distantes, me aproximei daquela árvore e a admirei de perto. Busquei no meu coração o único desejo que eu esperava realizar e o pronunciei em voz alta. No entanto, nada aconteceu de fato. Nenhum sinal de ventania como eu esperava, nenhuma agitação nas suas folhas, nada fora do comum.
Fiquei profundamente desapontada por arriscar tanto em vão, e meu desgosto foi tamanho que acabei não prestando atenção nas raízes da árvore. Tropecei e, para evitar cair no rio, me apoiei em seu tronco, sentindo uma energia avassaladora me drenando. Tentei me afastar, mas quanto mais resistia, mais intensa se tornava essa energia, até que, finalmente, fui arrastada para a escuridão.
Não tenho certeza de quanto tempo permaneci desacordada, mas quando finalmente abri os olhos, ainda estava deitada próximo daquela árvore, e o som da água corrente do rio indicava que estava em apuros.
Eu teria que explicar aos meus pais onde estava tão tarde da noite, mas, naquele momento, minha preocupação havia se dissipado, pois estava convencida de que eles também estavam ocultando coisas de nós, coisas que tínhamos o direito de saber.
Ainda deitada ali, comecei a ouvir uivos raivosos, sons de algo genuinamente assustador. Poderia ser um animal feroz, e ele estava muito próximo. Comecei a correr dali quando ouvi gritos distantes, mas não conseguia identificar de onde vinham. Só naquele momento me dei conta de que a árvore era a mesma, mas o local onde eu estava não.
Aquela situação me deixou desesperada e me perguntei por que não havia escutado minha mãe. No entanto, eu precisava correr e encontrar um lugar seguro, longe daquela fera, que eu tinha certeza de que me consideraria um aperitivo.
Corri em direção à floresta que se estendia diante de mim, e quando minha respiração ficou ofegante, parei e me apoiei em uma árvore, tentando recuperar o fôlego. Ao mesmo tempo, examinei o local à minha volta.
Tudo estava escuro, e apenas a luz da lua iluminava o caminho por onde eu andava. As copas das árvores eram altas, mas eu considerava a possibilidade de escalá-las como uma maneira de me manter segura.
BEATRICEFiquei totalmente surpresa quando acordei e não encontrei Hector. Normalmente, ele sempre me ajudava com o Collin. Fiquei ainda mais surpresa quando encontrei minha mãe no quarto de meu filho, até porque ela não avisou que estava vindo nos visitar como sempre fazia.Não demorou muito, e uma Claire muito arrumada entrou no quarto também, informando que eu precisava me apresar no banho.— O que está acontecendo? — Perguntei um pouco atordoada com todo aquele movimento estranho.No entanto, minha irmã me conduziu novamente para meu quarto sem responder nada, e quando entrei, encontrei Serena pendurando um cabide com um lindo vestido branco.— O que está acontecendo, gente? — Perguntei outra vez.— Precisamos te arrumar para a celebração do seu casamento com meu irmão, cunhadinha. — Serena respondeu com um sorriso.— Como assim celebração de casamento? — Perguntei chocada agora.— Irmã, seu raciocínio sempre fica lento assim pela manhã? — Claire perguntou com um sorriso. — Hoje,
HECTORQuando Beatrice trouxe nosso filho ao mundo e eu o segurei a primeira vez em meus braços, jamais imaginei sentir a emoção que senti. No entanto, sabia que com a chegada dele, minha responsabilidade redobraria.Meu pai sempre nos ensinou que os inimigos não hesitariam em acertar onde mais doía, e os nossos filhos eram alvos a ter em mente se quisessem tirar a liderança da alcateia ou enfraquecê-la.No entanto, meu lobo daria a vida por aquele filhote em meus braços. Enquanto tentava colocar nosso pequeno Collin para dormir, olhei para minha mulher dormindo em nossa cama. Lembrei-me do nascimento do nosso pequeno filhote.Beatrice havia sido uma verdadeira guerreira para trazer nosso filho ao mundo. Foram algumas horas de trabalho de parto, horas essas que me fizeram envelhecer uns 10 anos em aparência.Mesmo exausta, ela olhava para nosso bebê com um sorriso radiante em seu rosto, e assim como eu e meu lobo, sabia que ela seria capaz de dar a vida pelo nosso pequeno filho. Naque
BEATRICEQuando Hector deu fim àquele lobo, senti o poder fluir pelo meu corpo. A conexão com pessoas que eu nem conhecia tornou-se evidente, e eu não entendia como tudo aquilo estava chegando a mim. Também percebi a mudança em meu companheiro, e estava prestes a questioná-lo quando um grupo de anciãos se aproximou.— Hector, você foi declarado alfa ao derrotar o antigo alfa. A matilha dele tornou-se sua. No entanto, você deve saber que com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.— Sim, ancião Aaron. Estou disposto a assumi-la. Tornarei minha alcateia mais segura, para que outros lobos não se sintam tentados a tomá-la de mim. Não me tornarei um alfa arrogante como o anterior. Também não pretendo tomar territórios, mas tornar o meu mais seguro para todos.— Quanto ao conselho de anciões, alfa Hector?— Continuarei respondendo a ele, mas quero deixá-los cientes de que a última palavra sobre a minha matilha será minha. — Respondeu ele. Percebi que o ancião não gostou muito dessa r
HECTORDesde a guerra travada entre nós e os vampiros, a notícia sobre as sacerdotisas se espalhou por várias dimensões, especialmente agora com um acesso mais amplo entre os portais. Se havia vantagens nisso, também existiam milhares de desvantagens.Lobos começaram a chegar à nossa região, desencadeando uma série de disputas territoriais. O conselho de anciãos lutava para conter essas desavenças, e alguns desafios surgiram contra a autoridade do próprio conselho. Enfrentamos um problema significativo com um bando de lobos provenientes de outra região.Um desses lobos se proclamou como alfa, subjugando vários outros lobos a segui-lo. Dado o tamanho de seu bando, ele começou a tomar terras na região, forçando outros lobos a escolherem entre aceitá-lo como líder ou enfrentar desafios até a morte.Até aquele momento, ele não havia chegado até nós, mas eu sabia que não demoraria para que sua ganância o impulsionasse a buscar sorte em nossas terras. Algumas semanas após a notícia chegar a
BEATRICEHector me olhou e, através de seu olhar, enxerguei todo o amor que ele sentia por mim e agora por nosso bebê. Ele me abraçou e nossos lábios se encontraram, enquanto nossos rostos estavam banhados em lágrimas de felicidade.— Cara, o bebê ainda vai nascer. Você não precisa se comportar como um. — Liam disse, brincando com o irmão.— Quero ver no dia que Claire anunciar a chegada de seu herdeiro. Estarei perto para verificar sua reação. — Hector disse, encarando o irmão com um sorriso enorme, enquanto Liam olhava para sua companheira, nervoso só com a possibilidade daquele fato.— Amor, quero que você prometa que não me dará essa notícia na frente desse idiota. — Todos começamos a sorrir naquele momento.— Cunhado, sinto informar que provavelmente eu darei o diagnóstico à minha irmã, então será um pouco difícil esconder isso do Hector. — Meu companheiro riu do irmão.— Beatrice, você sabe que você é a cunhada de quem mais gosto em todas as dimensões?— Claro! Isso porque você
HECTORNão sei o que havia acontecido, mas estava me sentindo um pouco zonzo quando tudo ficou escuro de repente. No momento seguinte, senti algo me puxando, me tirando daquela escuridão, e quando voltei a abrir os olhos, me deparei com Beatrice sorrindo para mim, dizendo que tudo tinha acabado.Mais sacerdotisas pareciam chegar ao nosso redor. Em um minuto, Beatrice estava sorrindo para mim... No minuto seguinte, percebi seu corpo caindo ao meu lado.Meu lobo se desesperou pela nossa companheira, ele ganiu, sem conseguir se levantar. Meu pai e Desiree se ajoelharam ao lado, pedindo que eu não me levantasse até estar completamente curado. Sentia a energia fluir das mãos de Desiree, que estavam sobre mim, enquanto ela começava a conjurar, acredito eu, um cântico de cura.Claire e outra mulher estavam ao lado de Beatrice, tentando fazer minha companheira despertar. Uma luz branca saía da mão daquela mulher, e a única coisa que passava pela minha cabeça, além de Beatrice, era o nosso fil
Último capítulo