A caverna respirava junto conosco.
O fogo, baixo, lançava línguas de luz que lambiam as paredes de pedra e voltavam, dourando o ar num brilho morno.
A chuva do lado de fora havia dado lugar a um silêncio úmido, e era como se o mundo inteiro tivesse decidido se calar para ouvir apenas o som da nossa pele.
Eu ainda sentia o gosto do medo na boca.
O cheiro de terra, sangue e fumaça grudado no meu corpo.
Mas havia outro cheiro crescendo devagar, redondo, inevitável: o dele.
Quente. Amadeirado. Vivo.
Sentei-me de joelhos sobre a manta áspera e fiquei observando Danilo.
Ele respirava fundo, apoiado no cotovelo, o peito marcado pelas cicatrizes antigas, o abdômen subindo e descendo como mar de noite.
Havia suor no arco da clavícula, uma gota escorrendo lenta até o centro.
Segui a gota com os olhos e o corpo respondeu como se alguém tivesse acendido fogo por dentro.
A loba se agitou, faminta, mas lúcida.
É seguro. É nosso. É destino.
— Você está tremendo — ele disse, baixo.
— Estou vi