O silêncio depois da guerra nunca é paz.
É um tipo de ruído mudo, cheio de fantasmas, onde o som das espadas ainda ecoa dentro da cabeça e o cheiro do sangue se mistura ao ar como se o mundo tivesse esquecido de respirar.
O campo estava coberto de corpos.
Homens, lobos, sombras.
Nada distinguia um do outro.
A lua os observava lá do alto, pálida, fria, indiferente.
Eu tremia.
O corpo doía em lugares que nem sabia que existiam.
Os joelhos arranhados, o corte no ombro ainda sangrando, e o coração… o coração parecia cansado demais pra continuar batendo.
Danilo estava a alguns metros, ajoelhado, o olhar perdido.
A ferida no braço dele não parava de sangrar, e mesmo assim, ele insistia em se manter de pé.
O lobo dele ainda vibrava, a energia pulsando em ondas invisíveis que eu conseguia sentir.
Por um instante, pensei em ir até ele.
Mas algo dentro de mim hesitou.
O vínculo.
O que antes era fogo agora era cinza morna.
Ainda existia, mas fraco.
Tremendo.
Instável.
Você sente?
S