Capítulo 57

O silêncio depois da guerra nunca é paz.

É um tipo de ruído mudo, cheio de fantasmas, onde o som das espadas ainda ecoa dentro da cabeça e o cheiro do sangue se mistura ao ar como se o mundo tivesse esquecido de respirar.

O campo estava coberto de corpos.

Homens, lobos, sombras.

Nada distinguia um do outro.

A lua os observava lá do alto, pálida, fria, indiferente.

Eu tremia.

O corpo doía em lugares que nem sabia que existiam.

Os joelhos arranhados, o corte no ombro ainda sangrando, e o coração… o coração parecia cansado demais pra continuar batendo.

Danilo estava a alguns metros, ajoelhado, o olhar perdido.

A ferida no braço dele não parava de sangrar, e mesmo assim, ele insistia em se manter de pé.

O lobo dele ainda vibrava, a energia pulsando em ondas invisíveis que eu conseguia sentir.

Por um instante, pensei em ir até ele.

Mas algo dentro de mim hesitou.

O vínculo.

O que antes era fogo agora era cinza morna.

Ainda existia, mas fraco.

Tremendo.

Instável.

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S
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