A escuridão tinha gosto de ferro.
Era o primeiro pensamento que me veio quando acordei.
A boca seca, o corpo pesado, os pulsos queimando onde as amarras haviam estado.
Demorei alguns segundos para entender que estava viva.
A lembrança voltou como um corte: os olhos de Kieran, o toque do poder dele me atingindo, o chão girando.
Depois, o nada.
Agora, estava deitada em um quarto diferente, pequeno, sem janelas, apenas uma tocha acesa na parede.
O ar era úmido, e havia cheiro de mofo e sangue antigo.
Tentei me sentar, mas o corpo não respondeu de imediato.
Quando consegui, apoiei as mãos no chão frio de pedra e fechei os olhos, respirando fundo.
A loba se moveu dentro de mim, enfraquecida, mas viva.
Eles nos drogaram.
Eu sei.
Há algo no ar. Algo que impede o instinto de despertar.
Toquei o pescoço.
Havia uma marca avermelhada, como se algo tivesse sido pressionado contra minha pele.
Um amuleto de contenção.
Eles sabiam o que estavam fazendo.
Fiquei imóvel por um tempo, escutando.
Do lado