Passei o resto do dia com o peso daquela palavra ecoando dentro de mim. Luna.
Era impossível. Ninguém aqui deveria saber quem eu era, de onde vim, o que havia deixado para trás. Cortei o cabelo, escondi os olhos atrás dos óculos, criei uma nova identidade. E, ainda assim, bastou um estranho atravessar a porta da biblioteca para despir todas as minhas defesas.
Quando a noite caiu, eu já não conseguia me concentrar em nada. As estantes pareciam vultos, os livros pesavam nas minhas mãos, e a cada passo sentia como se estivesse sendo seguida. O pior é que estava.
Encontrei-o esperando do lado de fora, encostado em um poste de luz, o casaco escuro aberto e a expressão calma demais para quem havia acabado de me confrontar.
— Não devia me seguir — falei, firme, cruzando os braços.
— Não posso evitar. — Ele deu um passo em minha direção. — Há muito tempo procuro por você.
Engoli em seco.
— Está me confundindo com outra pessoa.
— Não, Rebecca. — O som do meu verdadeiro nome me atingiu como um