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CAPÍTULO 7 MARCAS INVISÍVEIS 1

 Marcas Invisíveis

Os dias seguintes à cirurgia foram envoltos por um silêncio carregado e um clima de tensão palpável. 

Enquanto Ava permanecia em coma, seu corpo lutava para se recuperar dos traumas recentes, mas havia algo muito mais profundo escondido sob as feridas cicatrizes que contavam histórias de um sofrimento prolongado e de uma violência que não se encerrava com o acidente. 

Caleb, sempre atento e com o coração apertado, visitava o CTI a cada oportunidade, examinando os sinais vitais e, discretamente, os rastros de dor que marcavam a pele da jovem.

 Foi em uma dessas visitas que Fabiana, uma enfermeira jovem e sensível, aproximou-se dele com a urgência de quem tem um fardo pesado para compartilhar.

Sentados em um canto menos movimentado da sala de descanso do CTI, Fabiana começou a falar em tom baixo, quase sussurrado, como se o simples ato de expor a verdade pudesse reavivar os horrores do passado.

–Doutor, eu sei que Ava é uma sobrevivente, mas você precisa saber a extensão do que ela sofreu, disse ela, a voz embargada de emoção.

Caleb inclinou-se, os olhos fixos na expressão de dor de Fabiana, enquanto ela continuava:

—Ela era casada com Taylor Mendes, um policial conhecido por sua brutalidade. No bairro, todo mundo falava do que ele fazia, mas o medo mantinha todos em silêncio. 

—Ele não era apenas violento ele era um verdadeiro tirano. Ava vivia em constante terror, não só por ele, mas também pelos pais dela. Taylor ameaçava os dois sem piedade, garantindo que nada fosse denunciado.”

A enfermeira fez uma pausa, como se as palavras fossem pesadas demais para serem liberadas de uma vez.

—Lembro-me de uma vez em que ele a castigou de maneira cruel, depois de um pequeno desentendimento. Ela tentou se defender, mas Taylor não a escutava. Ele a agarrou pelo cabelo, arrastou-a pela sala, e deixou marcas que nunca mais desapareceram completamente. 

Ele mesmo havia constatado que ela carregava hematomas por todo o corpo, de diferentes épocas, alguns recentes, outros já cicatrizados, mas todos testemunhas silenciosas de uma rotina de humilhação e dor.

Caleb apertou as mãos em punhos, sentindo uma mistura de indignação e tristeza crescendo dentro de si. 

“Deus, por que alguém suportaria tamanha barbaridade?”

Murmurou para si mesmo:

“É uma vergonha que o mundo permita que isso aconteça.” 

Ele se controlava para não deixar transparecer a revolta que fervia em seu peito.

Fabiana continuou, os olhos marejados.

—Eu ouvi de vizinhos que, mesmo com tudo, Ava jamais denunciava Taylor. Ela vivia com tanto medo de represálias, especialmente porque os pais dela eram idosos e indefesos. 

Fabiana assentiu com os olhos úmidos, sentindo o peso de cada palavra.

–Eu sempre desejei que alguém a defendesse, que fizesse com que ela saísse desse ciclo de dor.

— E agora, doutor, vejo que essa oportunidade chegou. Ela merece viver, merece um futuro sem medo!

—Taylor usava isso contra ela. Sempre dizia:

 “Se você falar, eles vão sofrer as consequências.”

E assim, ela aguentava em silêncio, suportando abuso físico e psicológico que ninguém jamais ousaria imaginar.

As palavras de Fabiana ecoavam no ambiente, trazendo à tona uma realidade que Caleb preferia não acreditar, mas que, agora, se impunha de maneira irrefutável. 

Ele sabia que os relatos de abuso eram de conhecimento público, mas o medo e o silêncio de tantos impediam que a verdade fosse revelada por completo.

 “Eu agradeço a Deus pela morte dele"

Pensou Caleb, com a voz carregada de emoção e revolta. 

“Taylor Mendes, com todas as suas barbaridades, nunca mais poderá ferir essa mulher. Ele foi, de certa forma, o mal necessário para que ela finalmente tenha uma chance de recomeço.”

Enquanto Fabiana narrava os episódios mais terríveis, Caleb imaginava cada detalhe com um misto de horror e compaixão.

Ele se recordava de conversas que ouvira em corredores, de suspiros tristes de vizinhos que sabiam do que ela passava, mas que temiam se pronunciar. 

“Ela era prisioneira na própria vida,” 

Repetiu Fabiana, com uma voz quase rouca,

“Ela estava presa num ciclo de violência do qual parecia não haver escape.”

Caleb, em silêncio, processava cada palavra. Ele via, na imagem de Ava adormecida sob os cabos e tubos do CTI, não apenas a vítima do acidente, mas a personificação de uma dor que se estendia por anos.

 Cada cicatriz, cada mancha de hematoma em sua pele, era uma história de abusos sistemáticos, de humilhações que jamais deveriam ser esquecidas.

 “É inaceitável que uma mulher sofra tanto,” 

pensou ele, enquanto uma onda de ira e impotência o invadia.

 “Como pode alguém suportar tanta crueldade?”

Ele decidiu, naquele momento, que faria tudo o que estivesse ao seu alcance para que Ava tivesse uma chance real de recomeçar. 

—Vou protegê-la, custe o que custar! 

 Jurou silenciosamente, enquanto a ideia de que a morte de Taylor pudesse ser vista como uma forma de justiça divina fortalecia seu compromisso.

 “Se ele partiu, que seja para que essa mulh

er possa finalmente encontrar a paz e a liberdade que lhe foram negadas por tanto tempo.”

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