Correntes Invisíveis
A brisa úmida da madrugada atravessa as persianas do apartamento funcional que a Polícia Federal improvisou para Caleb e sua família, trazendo o cheiro misto de terra molhada e diesel dos geradores que mantêm a segurança noturna.
Em vez de dormir, Caleb permanece sentado à mesa, examinando um quebra-cabeça de trezentas peças que Lucas abandonou inacabado sobre o tampo.
A figura, ainda incompleta, promete revelar um farol iluminando um mar revolto, metáfora involuntária, percebe ele, para o momento em que navegam.
Ava aproxima-se em silêncio, vestindo o roupão azul-claro que encontrara no armário.
Toca levemente o ombro dele, como se temesse acordar algo mais frágil que o sono.
— O médico também precisa descansar. Sussurra.
— Não consigo desligar. Admite Caleb, girando uma peça nas mãos.
— Enquanto Rubén voa para Brasília, meu cérebro calcula riscos que nem sei se existem.
Ava puxa uma cadeira e senta-se ao lado.
O bebê mexe, lembrete suave de urgência.
— A m