No exato momento em que a voz de George ecoou atrás de mim, parei no meio do passo, incapaz de controlar o impulso.
Quando me virei, tentei manter a voz estável, mesmo sentindo o coração apertar:
— O que foi, George? Precisa de alguma coisa?
Ele não me respondeu. Apenas ficou ali, tragando o cigarro com violência, seus olhos estavam tomados por uma irritação que quase dava para ver se acumulando na atmosfera.
Impossível não notar que o clima estava pesado. Ele claramente tinha brigado feio com Mariana.
Só que, junto daquela ansiedade, veio uma pontinha de revolta. Sempre que eles brigavam, ele descontava em mim. Isso nunca fazia sentido e, mesmo que eu o devesse dinheiro, eu também tinha orgulho. Não tinha sido feita para servir de saco de pancada de ninguém.
Mas, mesmo sentindo isso, não tive coragem de falar. Afinal, o George não era mais o mesmo do passado.
Fiquei ali, parada, resignada, esperando o que viesse, fosse uma palavra, um acesso de raiva ou apenas mais um silêncio car