Ava acreditou no amor uma vez. E foi traída. Agora, terá que confiar novamente — mesmo que isso signifique se casar com um estranho. Ava Moreau achava que seu coração pertencia a Caleb Hale, o segurança que sempre esteve ao seu lado. Mas quando ele termina tudo sem explicações, deixando somente o silêncio como resposta, Ava se vê sozinha — e à mercê da vontade de seu pai, Victor Moreau, um dos empresários mais influentes de Nova Iorque. Determinada a salvar sua irmã e manter a honra da família, Ava aceita um casamento arranjado com Sebastian Pierce — um CEO arrogante, implacável e acostumado a controlar tudo e todos. Para Sebastian, ela não passa de uma cláusula contratual. Para Ava ele é o inimigo que veio substituir o amor que perdeu. No entanto, conforme os dias passam e as máscaras caem, Ava começa a perceber que Sebastian não é somente um empresário frio e distante. O que começa como um casamento de conveniência, aos poucos se transforma em algo inesperado. O que parecia impossível agora parece um caminho para uma nova chance de amar. Porque o coração, mesmo quebrado, pode amar de novo — e, às vezes, o segundo amor é aquele que nos salva de verdade.
Leer másAVA
Eu sentia que havia algo errado.
Não era palpável, mas estava lá — como poeira suspensa no ar, fina demais para ser vista, incômoda demais para ser ignorada.
Talvez tenha sido a mensagem seca. Ou o silêncio entre as palavras que ele costumava encher de promessas. Caleb me jurou que nada o faria deixar de me amar. Então talvez fosse somente coisa da minha cabeça.
Insegurança.
Ele sempre dizia que eu era insegura demais — provavelmente por não viver tanto quanto ele, por ser muito nova, muito sonhadora, muito tudo.
Respirei fundo. Meus dedos tremiam levemente enquanto ajeitava os cabelos, borrifava o perfume que ele amava e contornava os lábios com o tom que ele dizia combinar comigo.
Nunca estive tão ansiosa para vê-lo. Mas essa ansiedade era diferente.
Ela apertava o peito, como se um fio invisível estivesse sendo puxado por dentro, me deixando à beira de um colapso.
— Sabe, eu sou bem rebelde, e fugir de casa no meio da noite é algo que eu super toparia — disse Serena, minha irmã caçula, jogada de qualquer jeito na minha cama, como se não houvesse nada em jogo naquela noite. — Mas tem certeza de que não é perigoso? Nosso pai ainda não voltou daquela festa ridícula.
Soltei um longo suspiro, trocando de vestido pela terceira vez.
Serena enrolava um cacho ruivo no dedo indicador com tédio. Ela parecia imune à urgência que me corroía por dentro. Mas como ela entenderia? Como poderia compreender o peso de tentar salvar algo tão frágil quanto o amor, se para ela tudo era uma brincadeira de sedução sem consequências?
— Você não entenderia — murmurei, sem a encarar.
Ela revirou os olhos, no exato instante em que a bola de chiclete na boca estourou.
— Posso nunca ter me apaixonado, tipo, de verdade… mas, sério, você arriscaria tudo pelo Caleb? Nosso segurança?
Engoli em seco. Permaneci em silêncio.
Porque sim. Eu arriscaria.
Caleb Hale era o homem que havia roubado meu coração — e o mantinha guardado com ele, em algum lugar onde eu não conseguia mais alcançar.
O homem mais íntegro que eu já conheci.
Ou, pelo menos, era isso que eu queria continuar acreditando.
Por ele, tudo ainda parecia valer a pena.
— Preciso ir. Se o papai chegar antes de eu voltar, inventa que fui sequestrada por um grupo de dança exótica ou qualquer coisa absurda o suficiente para ele não perguntar mais nada — falei, forçando um sorriso que doía até nos músculos do rosto.
Serena levantou o dedo do meio com preguiça, mas havia um brilho sutil de preocupação nos olhos dela, enquanto me observava abrir a janela e me esgueirar por ela.
O vento da noite tocou meu rosto como um sussurro gélido, e por um momento, quis acreditar que meus olhos estavam marejados devido à brisa.
E não pelo medo silencioso que apertava meu peito como um aviso.
Como se algo estivesse prestes a se quebrar.
* * *
O relógio marcava 23h12 quando Caleb finalmente apareceu na entrada do parque.
A iluminação amarelada dos postes criava sombras longas que dançavam no chão úmido, como se o próprio cenário soubesse que havia algo errado naquela noite. O banco de madeira onde eu esperava parecia mais gelado do que nunca — ou talvez fosse só meu corpo tremendo, por dentro e por fora.
Ele se aproximou com passos firmes, mas hesitantes.
Algo estava errado. Talvez fosse o olhar — opaco, distante — ou o modo como os ombros pareciam carregados demais, como se arrastasse um fardo invisível.
Mas havia algo. Algo que gritava em silêncio.
— Você me chamou, disse que era urgente. O que aconteceu? — ele perguntou, e a ausência de um beijo, de um toque sequer, me golpeou mais do que qualquer resposta.
Ele não se sentou.
Franzi a testa, tentando disfarçar o incômodo. Era como se estivéssemos em lados opostos de um muro invisível.
— Bom… eu queria te ver. Mal nos falamos desde que… — minha voz falhou.
Um desconforto estranho se espalhou pelo meu estômago, como se só naquele instante eu compreendesse, de fato, o que estava acontecendo.
Desde a noite em que me entreguei a ele. Desde a noite em que cedi, acreditando nas promessas sussurradas ao pé do ouvido. Ele disse que me amava. Que iríamos nos casar. Que o amor não precisava esperar, nem de rótulos.
E eu acreditei.
Mas desde então, Caleb havia mudado. Estava mais ocupado. Mais frio. Mais ausente.
— O que você quer dizer com isso? — ele questionou, cruzando os braços.
Seus olhos verdes, outrora calorosos, agora brilhavam com uma espécie de mágoa distorcida.
— Eu não quis dizer nada, amor — falei, levantando-me devagar.
Estendi a mão para tocar a dele, um gesto tão pequeno, mas carregado de esperança.
Ele se afastou.
— Primeiro você não consegue me compreender. Seu pai me faz trabalhar feito um animal — sua voz saiu dura, carregada de raiva. Uma raiva que nunca havia sido direcionada a mim, até agora. — E agora você insinua que eu só queria te usar?
— Eu não…
— Você leva tudo para o lado errado, Ava. Ainda é muito nova para entender certas coisas — ele me cortou, a frieza em sua voz me atingiu como uma lâmina.
Meus olhos se arregalaram.
Senti o mundo girar ligeiramente ao meu redor, como se o chão estivesse prestes a se abrir sob meus pés.
— Eu nunca disse isso. Você nunca me achou infantil antes. Sempre dizia que eu era madura demais para a minha idade.
Ele bufou, impaciente. Como se minhas palavras fossem areia escorrendo entre os dedos.
— Isso foi antes. Antes de você ficar chata. Grudenta. — As palavras dele doeram mais do que qualquer grito. — Preciso ir. Tenho coisas para fazer.
— Caleb, por favor — implorei, segurando a barra de sua camisa, como se aquele pedaço de tecido pudesse impedir o que já estava escapando. — Não faz assim. Vamos resolver isso. Vamos conversar.
Ele me afastou com firmeza, como se tocar em mim fosse um erro.
— Isso não vai dar certo — disse, a voz firme como pedra. — Talvez se você fosse mais velha. Mas assim… não. Pare de me mandar mensagens.
Senti como se meu peito tivesse encolhido, pequeno demais para conter o que se acumulava lá dentro.
Caleb passou pelas grades do parque e desapareceu na noite como se nunca tivesse estado ali.
E eu fiquei.
Fiquei com o coração despedaçado, os pensamentos embaralhados e as lágrimas rolando pelo rosto sem eu perceber.
Só me dei conta de que chorava quando me vi de joelhos no chão, abraçando a mim mesma, soluçando baixinho como uma criança perdida.
O banco frio, a escuridão ao redor, o vento cortante — tudo parecia mais cruel.
Tudo parecia vazio.
Assim como eu.
AVAO silêncio entre nós era tão denso que chegava a doer.Sebastian continuava me encarando como se tentasse me desmontar com o olhar. Havia algo diferente nele agora. Uma faísca de reconhecimento, talvez. Ou seria desprezo?— Você é Ava Moreau? — perguntou, cada palavra carregada de ironia.Engoli em seco, mas mantive o queixo erguido.— Sou. E você é o homem que acredita que pode humilhar qualquer um e sair impune.O canto da boca dele se curvou num meio sorriso, sombrio.— Só os fracos se sentem humilhados, senhorita Moreau.Meu pai me olhou, me repreendendo em silêncio.— Peço desculpas pela atitude da minha filha, Sebastian. Não sei o que deu nela — disse ele.Meus olhos estavam cravados nos de Sebastian. E os dele, em mim.Sebastian Pierce. O CEO arrogante. O homem que destruiu meu tio.— Então é você — murmurou, a voz baixa e grave, como uma constatação amarga. — Não faz sentido.Aquilo me atingiu como uma lâmina.— O que exatamente não faz sentido? — perguntei, estreitando os
SEBASTIANNão era todo dia que alguém invadia o meu escritório.Menos ainda se escondia debaixo da minha mesa.No início, pensei que fosse uma assistente perdida ou alguma socialite bêbada tentando escapar de um escândalo. Mas os olhos que encontrei ali embaixo não pertenciam a nenhum desses clichês.Eram grandes, escuros e intensos, com um brilho assombrado que sugeria terem acabado de testemunhar algo imperdoável.Definitivamente, não era ninguém comum.Era uma intrusa.E, talvez, um problema.— Quem é você? — perguntei, dessa vez mais baixo.Ela não respondeu. Somente me encarou, como se soubesse que eu tinha poder sobre a situação — ou talvez sobre a vida dela. E sob aquela luz dourada que entrava pelas persianas, talvez eu realmente tivesse.— Não costumo repetir ordens. Se não sair debaixo da minha mesa por conta própria, vou ter que arrastá-la — acrescentei, com a frieza suficiente para congelar o ar entre nós.Qualquer pessoa com o mínimo de bom senso teria obedecido. Mas ela
AVAA festa de gala da Pierce International transbordava luxo e ostentação. Homens de ternos bem cortados e mulheres com vestidos cintilantes desfilavam sob lustres de cristal, enquanto o som suave de um quarteto de cordas se misturava ao tilintar das taças de champanhe. Mas, para mim, nada daquilo importava. Meus olhos procuravam somente uma coisa: Caleb.Ver ele ali era um choque. Festas como essa eram restritas à nata do império corporativo — e Caleb, embora sempre presente, era invisível aos olhos do mundo.Era meu segurança.Meu.Mais cedo, o vi encostado no bar, rindo com um executivo, como se pertencesse àquele lugar. A luz âmbar dos lustres realçava seus traços marcantes, e o sorriso despreocupado fazia meu estômago se revirar. Estava lindo — como sempre. Inalcançável — como nunca deveria ter sido.Cada passo que eu dava entre os convidados era guiado por um fio invisível de esperança. Talvez ele estivesse confuso. Talvez ainda sentisse algo. Talvez…— Você deveria esquecê-lo
SEBASTIANNa cobertura de um dos clubes mais exclusivos de Manhattan, charutos ardiam entre os dentes de homens poderosos, taças tilintavam com uísques envelhecidos, e risadas profundas preenchiam o ambiente como trilha sonora para o pecado.Era uma festa privada. Só homens. Só os mais ricos. Só os que mandavam no mundo — ou gostavam de acreditar nisso.Prostitutas desfilavam entre nós como obras de arte vivas, sentando-se em colos, dançando ao som abafado da música, oferecendo o tipo de companhia que não exige promessas no dia seguinte. Eu estava entre eles, afundado em uma poltrona de couro, com um copo de bourbon na mão e os olhos perdidos no vazio. A loira seminua que se acomodou no meu colo fazia de tudo para chamar minha atenção — mas minha mente estava em outro lugar.Mais precisamente, na reunião daquela tarde com o conselho da Pierce International.— A imagem de solteiro libertino precisa mudar — dissera Jason, um dos acionistas, com o cenho franzido. — O mercado responde mel
AVAEu sentia que havia algo errado.Não era palpável, mas estava lá — como poeira suspensa no ar, fina demais para ser vista, incômoda demais para ser ignorada.Talvez tenha sido a mensagem seca. Ou o silêncio entre as palavras que ele costumava encher de promessas. Caleb me jurou que nada o faria deixar de me amar. Então talvez fosse somente coisa da minha cabeça.Insegurança.Ele sempre dizia que eu era insegura demais — provavelmente por não viver tanto quanto ele, por ser muito nova, muito sonhadora, muito tudo.Respirei fundo. Meus dedos tremiam levemente enquanto ajeitava os cabelos, borrifava o perfume que ele amava e contornava os lábios com o tom que ele dizia combinar comigo.Nunca estive tão ansiosa para vê-lo. Mas essa ansiedade era diferente.Ela apertava o peito, como se um fio invisível estivesse sendo puxado por dentro, me deixando à beira de um colapso.— Sabe, eu sou bem rebelde, e fugir de casa no meio da noite é algo que eu super toparia — disse Serena, minha irmã
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