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Capítulo 2: Contrato Social

SEBASTIAN

Na cobertura de um dos clubes mais exclusivos de Manhattan, charutos ardiam entre os dentes de homens poderosos, taças tilintavam com uísques envelhecidos, e risadas profundas preenchiam o ambiente como trilha sonora para o pecado.

Era uma festa privada. Só homens. Só os mais ricos. Só os que mandavam no mundo — ou gostavam de acreditar nisso.

Prostitutas desfilavam entre nós como obras de arte vivas, sentando-se em colos, dançando ao som abafado da música, oferecendo o tipo de companhia que não exige promessas no dia seguinte. Eu estava entre eles, afundado em uma poltrona de couro, com um copo de bourbon na mão e os olhos perdidos no vazio. A loira seminua que se acomodou no meu colo fazia de tudo para chamar minha atenção — mas minha mente estava em outro lugar.

Mais precisamente, na reunião daquela tarde com o conselho da Pierce International.

— A imagem de solteiro libertino precisa mudar — dissera Jason, um dos acionistas, com o cenho franzido. — O mercado responde melhor a homens de família.

Era isso.

A pressão por um casamento.

Um nome unido ao meu. Uma aliança no dedo. Não por amor — Deus me livre —, mas por conveniência.

Imagem.

— Cara — disse Andrew, meu primo, com um sorriso torto e uma morena semi nua rebolando em seu colo, enquanto ele acariciava os seios da mulher —, se você não quer uma dessas dançando em você, alguma coisa tá muito errada.

Dei um meio sorriso e soltei um suspiro arrastado.

— De fato está. Terei que me casar.

Andrew cuspiu o gole de bebida direto na barriga da morena, que soltou um palavrão.

— Você o quê? — ele arfou, entre o choque e o deboche. — E com quem, pelo amor de Deus?

— Ainda não sei — falei, bebendo mais um gole e encarando o teto com cansaço. — Mas os acionistas esperam que eu me case. A minha imagem de libertino não está sendo boa o suficiente para os negócios.

Andrew franziu os olhos escuros e balançou a cabeça, indignado.

— Isso é ridículo. Por que se prender ao casamento quando se tem essas belezinhas para nos divertir? — disse, puxando a loira do meu colo pela cintura. Agora, as duas mulheres se esfregavam nele, uma beijando cada lado do pescoço.

Revirei os olhos e voltei minha atenção para o meu bourbon — o sabor quente e amadeirado queimando a garganta como uma promessa antiga quebrada.

Forte, seco, ligeiramente amargo.

Exatamente como a noite. Exatamente como eu.

— Bom, negócios são negócios. Fazer o quê — murmurei.

— Agora precisamos encontrar a cordeirinha e levá-la para o abate — disse Andrew, apertando as mulheres no colo. — Quais qualidades você procura?

Abaixei o copo devagar, observando o gelo derretendo no fundo, como se aquilo tivesse alguma importância. Respirei fundo antes de responder — porque até mesmo listar aquilo me entediava.

— Discreta e submissa — disse, por fim. — Inteligente o suficiente para manter a aparência de esposa perfeita, mas esperta o bastante para não me atrapalhar.

A bebida escorreu pela minha garganta com uma ardência mais intensa do que antes, como se até o bourbon me julgasse.

— Classe. Sem escândalos. Nada de redes sociais escancarando a vida. Nada de crises emocionais. Nada de romantismo barato — finalizei.

Andrew riu alto, batendo na coxa da morena como se ela fosse parte da piada — e, de certo modo, era. A mulher gemeu, mais por conveniência do que prazer.

— Então você quer uma boneca de porcelana — zombou. — Linda, muda e obediente?

— Não precisa ser muda — retruquei, com um meio sorriso. — Apenas saber calar quando necessário.

Ele assobiou, impressionado.

— Jesus, você fala de casamento como se fosse uma aquisição empresarial.

— Porque é — falei, olhando-o nos olhos. — Uma aliança com benefícios de imagem, estabilidade pública e influência. Amor é instável. Sentimentos oscilam. Mas contratos… contratos duram.

Ele virou outro gole de uísque e balançou a cabeça com um riso de escárnio.

— Às vezes eu acho que você já nasceu velho, rabugento e divorciado.

— E você nasceu idiota, mas ninguém comenta — retruquei com ironia, apoiando o copo no braço da poltrona e observando a dança dos corpos ao nosso redor.

Perfumes doces e exagerados pairavam no ar como armadilhas invisíveis. Mãos percorriam coxas, bocas colavam em pescoços, e risos vazios ecoavam como ecos de uma orgia bem ensaiada. Tudo aquilo me entediava.

Tomei mais um gole.

O bourbon queimava, sim — mas era uma dor familiar.

Confortável, previsível. Como eu precisava que minha futura esposa fosse.

— Vai ser fácil encontrar uma esposa, então. Metade dessas filhinhas de papai são assim — disse Andrew, deslizando a mão pela curva da morena em seu colo. — O único problema é que a maioria não tem cérebro.

Revirei os olhos, soltando um suspiro longo.

— Talvez eu devesse deixar sua mãe escolher. Aposto que minha tia já tem uma lista de debutantes e princesinhas mimadas, prontas para carregar meu sobrenome como um troféu.

Andrew arqueou uma sobrancelha, um brilho diabólico acendendo em seu olhar.

— Ava Moreau está nessa lista?

Franzi a testa, tentando me lembrar do nome.

— Quem é essa? — murmurei, sem muito interesse.

Andrew revirou os olhos, como se minha ignorância fosse imperdoável.

— A filha mais velha de Victor Moreau. Além de ser uma coisinha linda, é o retrato da esposa perfeita. Uma boneca de porcelana moldada para obedecer — disse com um tom cínico, mas depois suspirou. — Completamente desinteressante para mim. Mas chata o suficiente para você.

Ignorei a provocação.

O nome Victor Moreau acendeu algo em minha memória — velho conhecido do mercado, figura constante em jantares caros e parcerias sólidas. Um daqueles homens do old money, que herdaram o mundo em vez de conquistá-lo.

Diferente de mim.

Eu havia me tornado um império.

Cada centavo, cada tijolo, cada centímetro de poder foi arrancado com unhas e sangue. Aos 33 anos, eu era um dos homens mais ricos e influentes do país — e não devia nada a ninguém.

Quanto à filha dele vagamente me lembrava de tê-la visto uma vez, em um evento qualquer. Nada marcante. E, na verdade, isso era até melhor.

Quanto menos bela fosse, melhor.

A última coisa que eu precisava era de uma mulher que despertasse desejo.

Desejo virava atração.

Atração virava apego.

E o apego era o primeiro passo para o erro imperdoável: o amor.

E eu não cederia a isso.

— Não lembro dela, mas não vou descartar a possibilidade. Quanto mais rápido eu me casar, melhor — respondi, deixando claro o desinteresse. — Os acionistas estão começando a me irritar com esse assunto.

Andrew soltou uma risadinha abafada, os lábios entrelaçados com os da loira em seu colo, enquanto a morena sugava seu pescoço como se quisesse deixá-lo em carne viva.

Franzi a testa, desgostoso com a cena, mas ele se afastou por um segundo somente para me lançar um sorriso provocativo.

— Então hoje é seu dia de sorte — murmurou, os olhos semicerrados de prazer e malícia — porque Victor Moreau acabou de entrar.

Beijou o ombro nu de uma das mulheres, como um selo de despedida.

— Bom, precisarei me retirar. Tenho assuntos mais estimulantes a tratar com essas duas belas criaturas.

O observei se levantar, com aquele ar de homem que já tinha vencido a noite. As duas o seguiram, rindo baixo, enquanto ele subia para o segundo andar — reservado aos que buscavam prazeres mais íntimos do que uma bebida cara e conversa barata.

Meu olhar se desviou.

E então, o encontrei.

Victor Moreau.

Terno escuro, postura imponente, passos calculados como os de um rei velho demais para dançar, mas ainda poderoso o suficiente para ser temido. Estava cercado de homens mais jovens, bajuladores de ocasião, e mantinha um copo na mão com a elegância estudada de quem nasceu para ser observado.

Virei o resto do bourbon garganta abaixo.

O líquido queimou como gasolina — perfeita para acender a faísca da decisão que já ardia dentro de mim.

Levantei-me.

Estava na hora de encerrar aquela palhaçada.

E colocar um ponto final na exigência dos acionistas.

Se uma esposa era o que eles queriam então teriam exatamente isso.

Uma aliança conveniente. Uma mulher moldada ao meu propósito. E nada, além disso.

Meus passos eram firmes, letais como uma negociação prestes a ser selada.

Porque era isso que seria: um contrato. Um acordo. Um jogo de poder.

E eu sempre, sempre jogava para vencer.

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