Desde pequena, Heloísa nutria uma paixão secreta por Vittorio, o melhor amigo de seu pai e presença constante na casa da família Moura. Sempre gentil e carismático, Vittorio era o tipo de homem que exalava charme sem esforço, e para a jovem Heloísa, ele representava um mundo desconhecido e irresistível. No entanto, tudo mudou após o aniversário de 15 anos de Heloísa. Sem explicar, Vittorio se transferiu da família, limitando-se a ligações esporádicas com seu amigo Hugo Moura. Durante cinco longos anos, Heloísa tentou esquecê-lo, mergulhando nos estudos e tornando-se uma sommelière talentosa. Mas, por mais que tentasse, nenhuma taça de vinho era capaz de apagar o gosto amargo de sua ausência. O destino, porém, tinha outros planos. Quando Vittorio sofre um acidente e cai do cavalo nos vinhedos que administra, Hugo vê uma oportunidade perfeita para aproximar sua filha do mundo dos negócios da família. Sem imaginar os sentimentos que Heloísa ainda guarda, ele a carga de cuidar da recuperação de Vittorio, sob o pretexto de prepará-la para o mercado vinícola. Agora, convivendo novamente sob o mesmo teto, Heloísa precisa enfrentar o homem que sempre amou e que, por algum motivo, decidiu se afastar dela no passado. Vittorio, por sua vez, luta contra os próprios segredos e a tentativa de que a proximidade da jovem desperte. Entre vinhos envelhecidos e emoções à flor da pele, um jogo de desejo e resistência começa a ser traçado. Será que Heloísa descobrirá finalmente a verdade por trás da partida de Vittorio? E ele, conseguirá resistir à mulher determinada que tomou o lugar da menina que um dia ele deixou para trás?
Ler maisLorenzo BianchiO mundo inteiro parecia respirar diferente naquela manhã.O salão onde a cerimônia seria realizada estava decorado com flores simples, mas com significado. Flores-do-campo, como a Laura sugeriu, misturadas com ramos de oliveira que minha mãe trouxe da vinícola. Tudo com uma cara de… verdade. De gente que ama e se vira com o que tem.Eu estava parado ali, perto do altar improvisado no jardim dos fundos, com a camisa social grudando nas costas de tanto nervosismo. Pietro ficou do meu lado o tempo todo, me dando tapas discretos no ombro sempre que percebia que eu começava a respirar rápido demais.— Relaxa, cara. Você tá parecendo que vai fazer prova final de anatomia — ele sussurrou no meu ouvido, com aquele tom meio sarcástico de quem queria ajudar, mas não sabia como.Forcei um sorriso. Tentei brincar de volta.— Isso aqui é pior… Na prova, se eu errasse, era só perder uns pontos. Agora, se eu errar, posso perder a mulher da minha vida.Ele riu, balançando a cabeça.—
Aurora RossiO sol ainda nem tinha nascido direito quando acordei. O quarto estava silencioso, exceto pela respiração tranquila de Lorenzo ao meu lado. A claridade tímida da madrugada entrava pelas frestas da cortina, e eu fiquei ali, observando o contorno do rosto dele, cada detalhe que agora parecia ainda mais meu.Fechei os olhos por um instante, tentando gravar aquele momento dentro de mim. A paz antes da tempestade de preparativos. A calma antes da vida adulta começar de verdade.Levantei devagar, coloquei uma blusa dele por cima da minha camisola e saí para a cozinha. Estavam todos ali: minha mãe e tia Heloísa sentadas à mesa com xícaras de café e olhares misturados entre cansaço e determinação.— Dormiu bem? — perguntou minha mãe, me olhando com ternura e preocupação ao mesmo tempo.Assenti, puxando uma cadeira ao lado da Isabella.— Dentro do possível, sim. Ainda parece que tô sonhando. Mas ao acordar e encontrar o Lorenzo ao meu lado vi que era realidade.Heloísa sorriu, aque
Claro! Aqui está a continuação do capítulo, narrado em primeira pessoa por Lorenzo: ⸻ Meu pai fechou a porta do escritório com um estrondo seco. A madeira pareceu tremer, ou talvez fosse só o meu estômago que estremecia. Ele virou-se devagar, como se estivesse medindo cada passo para não explodir antes da hora. — Você pode repetir o que disse? — a voz dele era baixa, mas cortante. Como faca bem afiada. Engoli seco. — A Aurora e eu… ontem… a gente não se preveniu. A respiração dele ficou mais pesada. Os olhos se fecharam por um segundo. Quando abriu de novo, vinha tempestade. — Lorenzo! — ele rugiu. — Pelo amor de Deus! Você tá com quantos anos? Quinze? — Pai, eu sei que foi um erro — comecei, mas ele já estava andando de um lado pro outro como um leão enjaulado. — Você tirou a virgindade da filha do Matheu e ainda teve a genial ideia de esquecer o básico? — ele parou, apontando pra mim com o dedo em riste. — O básico, Lorenzo! — Eu amo ela, pai. E eu não me arrependo de ter e
Lorenzo BianchiEntrar naquela casa, depois de tudo, era como atravessar uma fronteira invisível.Não era só o lar do meu padrinho, nem só o lugar onde cresci correndo entre os corredores e vinhedos. Era o mundo dela. Era o chão onde Aurora foi criada, onde cada parede conhecia os passos dela — os de alegria, os de dor. E agora, depois de tudo, eu voltava ali com a mão dela na minha. Não como amigo, nem como o afilhado que todos um dia viram como um filho extra. Eu voltava… como escolha. Como recomeço.O ar dentro da casa parecia diferente. Mais denso, talvez. Ou era só o peso do que eu carregava no peito.Aurora soltou minha mão ao atravessarmos a porta e correu até a cozinha com tia Isabella, deixando-me com tio Matheu. Ele ainda estava parado, perto da porta, como se observar fosse sua forma de proteger. Me senti mais exposto do que em qualquer outro momento da minha vida.Ficamos em silêncio por longos segundos.Ele não precisava dizer nada — o olhar já dizia tudo."Ela é minha fi
Matheu Rossi A preocupação começava a me corroer por dentro.A casa estava cheia de convidados, risos soltos no ar, música suave preenchendo os espaços — mas dentro de mim só existia o som ensurdecedor da ausência da minha filha.Aurora havia sumido.Num momento, ela estava ali, sorrindo com Isabella, soprando as velas, cercada de carinho e lembranças. No instante seguinte… nada. Nenhuma pista, nenhuma palavra, nenhum bilhete. Como se o mundo tivesse engolido aquela menina que ainda era tão pequena pra suportar o peso que a vida insistia em jogar sobre os ombros dela.— Já revirei o jardim inteiro, os fundos da casa, até a garagem — disse Isabella, com a voz trêmula, os olhos marejados. — Ela não tá em lugar nenhum, Matheu!Meu peito apertou.— Vittorio, tem certeza que não viu nada? Nem sinal do Lorenzo?Ele balançou a cabeça, claramente angustiado.— Não, Matheu… mas… — hesitou. — Você sabe o que eu penso, mas preciso ser honesto: será que isso não tem o dedo do seu filho?Quis diz
Aurora Rossi Nunca achei que voltaria. Não porque o sentimento tivesse morrido — porque não morreu. Mas porque eu acreditava que algumas cicatrizes não podiam ser tocadas sem reabrir as feridas. E então, eu vi o sol se pondo atrás da casa dos meus pais. E uma parte de mim, a mais calada e teimosa, sussurrou que talvez… só talvez… ainda houvesse algo a ser vivido. Quando entrei na adega, não fui recebida com palavras. Fui recebida com silêncio. E beleza. Com lembrança. Com amor. As flores. A luz suave. O rótulo com meu nome. Tudo falava mais alto que qualquer promessa poderia dizer. E quando olhei pra ele, ali, sentado com os olhos cheios de espera, entendi o que significava ser verdadeiramente amada: ser lembrada em cada detalhe. Ser sentida mesmo na ausência. Sentei à mesa. Brindamos. E, por um instante, o mundo pareceu calmo. Mas havia mais. Muito mais. O vinho encostou nos meus lábios como um segredo antigo reencontrando sua voz. Suave, maduro, intenso. Como
Último capítulo