A ligação chegou às 21h12.
Uma voz grave, distorcida. Fria.
— Marchesi, você perdeu algo.
Silêncio.
— Ela está aqui. Comigo. E ainda… intocada. Por enquanto.
Dante não respondeu. Não gritou. Não respirou. A única coisa que se ouviu foi o estalo do copo quebrando em sua mão.
*Horas antes.*
Unirian tentava desesperadamente se soltar das amarras apertadas no banco traseiro de uma van. O ar era abafado, cheirava a couro velho e gasolina. As luzes do interior piscavam. Jack Morales estava no banco da frente, rindo ao telefone, como se tudo fosse um jogo.
— Você devia se orgulhar — ele disse, olhando-a pelo retrovisor. — Vai fazer história. A virgem do diabo... nas mãos do inimigo.
Ela estava com as pernas amarradas, o vestido rasgado no ombro. Lutou com tudo que pôde. Arranhou. Bateu. Gritou. Mas ninguém ouviu. Ninguém chegou.
A cada curva da estrada, ela sentia o medo crescer.
Não por ela.
Mas por aquele bebê. O filho de Dante. O pequeno V.
Em algum lugar da cida