A madrugada estava fria. A mansão silenciosa.
Dante não dormia direito há semanas, mas naquela noite, o cansaço venceu. Com Villano adormecido no peito, ele se deitou na cama onde um dia Unirian sorriu para ele pela última vez... e caiu num sono denso, sombrio, tão profundo quanto seu vazio.
Então veio o sonho.
Não havia lugar. Nem luz. Apenas a voz dela.
— Dante...
— Você tá me ouvindo?
A voz soava baixa, distante. Quase como um eco dentro dele.
— Não deixa de me sentir.
— Eu tô aqui... me encontra.
E então, no meio do breu, os olhos dele a viram — ela, vestida de branco, leve, com a mão estendida, como se fosse feita de luz e saudade.
O rosto cansado, mas sereno. O ventre vazio.
A dor, deixada para trás.
— Nosso filho precisa de mim. E eu... preciso de você.
Dante tentou correr até ela, mas seus pés afundavam em algo invisível. Como se estivesse preso ao chão da realidade, enquanto a alma dele estendia a mão para alcançá-la.
— Acorda pra mim, Unirian...— sussurrou, em lágrimas.