Angel
Não fomos ao restaurante bonito e caro onde o grupo Figueiredo costumava almoçar com parceiros de negócio. Fomos ao lugar pequeno, modesto, onde se comia bem e em paz. E, de certo modo, isso me caiu bem.
O lugar era simples, com mesas de madeira rústica e um cheiro delicioso de temperos caseiros. Bem diferente dos lugares chiques onde normalmente costumava almoçar.
Sentamos numa mesa de canto, longe do burburinho do salão. O garçom nos trouxe dois cardápios, mas Igor nem olhou o dele.
— Pode falar — disse, calmo, mas contido.
Eu me encolhi um pouco na cadeira. Não por vergonha, mas por saber que ele merecia uma explicação. O garçom apareceu para pegar nosso pedido, dando-me alguns segundos preciosos para organizar os pensamentos. Assim que ele saiu, respirei fundo.
— A noite virou uma loucura. Literalmente. E eu mal consegui lidar com tudo.
Ele desviou os olhos, apoiando os cotovelos na mesa.
— Tudo bem.
— Não, não está. — retruquei. — Eu devia ter avisado. Uma mensagem. Um "nã