Angel
Meus pulsos ardiam como se estivessem em fogo. Cada movimento contra as cordas parecia abrir ainda mais a pele sensível, e por mais que eu tentasse disfarçar, uma careta de dor escapou.
— Para de mexer, Angel, — a voz de Igor, rouca mas estável, veio da cadeira ao lado. — Só vai piorar a dor.
— Eu não aguento mais, Igor — sussurrei, e minha voz soou quebrada, infantil, até para meus próprios ouvidos. — Tudo dói. E esse silêncio... é o pior de tudo.
Ele tentou se ajustar na cadeia de metal, que rangeu com o movimento.
— Pelo menos nos deixaram usar o banheiro direito hoje. Foi uma vitória. E nos deram água. Eles querem nos manter vivos. Isso é bom.
— Bom? — Eu quase ri, um som sem humor. — Ser tratada como um animal de estimação que precisa ser mantido vivo para a venda é a sua definição de bom?
— É melhor do que a alternativa — ele respondeu, sua pragmática habitual soando como um farol em meio ao meu desespero. — E pensa no Lucas. E no seu pai. Nosso pai. Eles não vão parar. O