Os olhos estavam diferentes. Escuros demais. Apertados. Como se estivesse controlando algo com muito esforço. Sentei na cama, devagar.
— Oi — murmurei.
Ele não respondeu. Só fechou a porta atrás de si e ficou parado ali, me olhando. E aquele olhar…
Era como se ele estivesse me vendo pela primeira vez. Ou tentando decidir o que fazer comigo.
Me arrepiei inteira. Não sabia se era medo. Ou desejo. Ou os dois.
ALEXEY ANTES
O escritório do Luka era sempre o mesmo: abafado, silencioso, escuro demais pra essa hora da noite. O cheiro de tabaco e madeira encerada já não me incomodava como antes, mas o clima ali dentro era de guerra. E dessa vez, eu sabia que não era exagero. O que destoava, como sempre, era o maldito vaso de rosas vermelhas no canto da mesa. Frescas, perfeitas, alinhadas com uma precisão que beirava o doentio. Não importava a época, a situação, ou o sangue seco nas paredes, as flores estavam lá. Luka era um filho da puta perigoso, metódico, frio como aço… e por alguma ra