A única vez que Andrei dirigiu a palavra diretamente a mim foi para dizer que eu precisava me trocar. “Vista algo adequado para o frio.” Foi tudo o que ele disse, em um tom seco, quase impessoal enquanto empurrava uma mala pequena para mim. Não explicou para onde estávamos indo, não disse se seria por muito tempo — apenas me lançou aquele olhar cinzento e me mandou mudar de roupa. E eu obedeci. Ridiculamente obedeci.
Quando o jatinho pousou, eu me dei conta do quanto estávamos longe de tudo. Pela janela, vi apenas neve, céu nublado e um campo isolado. Nenhuma cidade, nenhum letreiro, nenhuma alma viva além de nós. Era um lugar deserto, com uma pista de pouso escondida no meio de um branco infinito. Uma beleza brutal. Uma beleza que dava medo.
Duas SUVs pretas nos esperavam, motores ligados, soltando pequenas nuvens brancas de fumaça no ar gelado. Homens encapuzados, vestidos com casacos pesados, começaram a tirar as malas de dentro do jatinho com movimentos silenciosos e eficientes,