Meus olhos voltaram aos dele, e dessa vez, não havia medo. Havia uma dor suave, uma compreensão que ainda crescia.
— Por que me trouxe pra cá, Alexey?
— Porque eu não consegui te deixar. Nem mesmo quando eu devia.
Fiquei olhando pra ele por longos segundos. Meu coração pulsando lento, mas firme.
Talvez ele fosse mesmo uma sombra. Mas eu tinha aprendido que até as sombras se projetam por causa da luz. E talvez, só talvez… eu fosse a luz dele.
Era tão intenso, mas, ao mesmo tempo, não era o suficiente pra me afastar. Eu estava apaixonada por ele, disso não havia mais dúvida. Respirei fundo. Escolhi não filtrar tanto aquelas informações, não ainda. Meu peito ainda pesava, mas se eu deixasse o pânico tomar conta, eu perderia o momento presente. E agora, o momento presente era… ele. Sentado ao meu lado, calmo, como se não tivesse jogado metade da verdade do mundo na minha cara horas antes.
— Pronta? — ele perguntou, a voz ainda rouca da manhã. Os olhos cinzentos me encararam, atentos