Eu queria intervir, dizer algo, mas era como assistir dois titãs debatendo com palavras afiadas. E eu, no meio, ainda tentando entender como existia amor dentro de tanto caos.
Natasha foi quem quebrou o silêncio.
— Alguém quer mais torradas? Ou posso pedir um caixão de café da manhã?
— Você leva isso tudo como piada, não é? — Luka lançou pra ela, por fim.
— Claro que levo. A vida é curta. Vocês matam gente, lembram?
O olhar que ele lançou a ela daria calafrios em qualquer um. Mas Natasha só sorriu.
Eu apertei a caneca entre os dedos, tentando ignorar a tensão que se acumulava entre os homens.
Luka… — comecei, sentindo a garganta arranhar com o esforço de falar.
Ele me olhou outra vez. O olhar duro de sempre. Mas, por um segundo, um segundo só, alguma coisa ali pareceu ceder. Não sei se foi pena. Compaixão. Ou só cansaço.
— Eu só quero que você entenda o que ele é — disse, com uma firmeza que me atravessou como uma lâmina. — O que nós somos. Isso aqui não é um conto de fadas.