Chiara é uma jovem vivaz e vive sob a proteção de Henriqueta, sua governanta. Por trás de sua vida de conforto, esconde-se uma verdade obscura: Chiara é fruto de um romance entre sua mãe e um mafioso italiano. Quando sua mãe é morre de maneira misteriosa, Vittório é designado para protegê-la. Chiara, no entanto, vive ressentida por sua ausência, até que conhece Rafael e decide se casar, sem ter ideia de que ele não passa de uma ameaça prestes a selar seu destino. Enquanto o passado sombrio emerge, Chiara se vê diante de escolhas perigosas e uma desconhecida conexão com a máfia. A busca por sua verdadeira identidade a conduzirá por um caminho arriscado, onde o poder e o perigo se entrelaçam, e ela terá que decidir entre a segurança e a liberdade.
Ler maisVittorio Castellani
A montanha de responsabilidades e tarefas a serem resolvidas parecia interminável sobre a mesa do meu elegante escritório, localizado na bela Sicília. Os dias eram tensos e exigentes, e o tempo fluía rapidamente, como grãos de areia em um relógio implacável.
Estava atento na leitura de documentos importantes, fui surpreendido pelo som suave de batidas na porta, indicando a chegada de minha secretária, Julieta. Ela entrou com cautela, ciente do peso das obrigações que eu carregava. Senti que ela observou-me por um instante, e eu estava certo de que refletia se deveria ou não interromper-me naquele momento delicado.
Pareceu-me que ela estava pensando se deveria mesmo me interromper. Ela suspirou e finalmente tomou coragem para falar:
— Desculpe incomodá-lo, Sr. Castellani — murmurou ela, transmitindo que sua intenção não era banal —, mas há um assunto urgente que precisa de sua atenção.
Meu olhar ergueu-se dos papéis e encontrou o dela, carregado de impaciência e descontentamento. Em meio à correria, qualquer interrupção poderia atrapalhar o meu trabalho. No entanto, compreendi que Julieta não me procuraria sem uma razão válida.
— O que é tão urgente que não pode esperar um momento melhor, Julieta? — questionei, minha voz carregada de seriedade e impaciência.
— Henriqueta acabou de ligar de São Paulo — informou Julieta.
— E o que ela queria dessa vez? — perguntei, manifestando meu aborrecimento.
— Ela queria informar sobre os planos de casamento.
— Casamento? Que casamento? — Perguntei de maneira rude — Vá direto ao ponto, Julieta!
— O casamento de Chiara, senhor.
Poucas coisas conseguem me abalar, porém a notícia de que Chiara tinha planos de casamento me pegou completamente desprevenido.Uma sensação de traição invadiu meu peito. Traição é algo muito grave para nós. Uma mistura de raiva e decepção tomou conta dos meus pensamentos, e eu mal conseguia acreditar que Chiara cogitou a possibilidade de fazer algo sem o meu prévio consentimento.
Sem conseguir me conter, levantei-me de minha poltrona e comecei a caminhar de um lado para o outro, tentando encontrar uma maneira de lidar com essa situação. Julieta, minha secretária, permaneceu em silêncio, compreendendo minha turbulência emocional. Ela sabia que qualquer palavra poderia ser interpretada de forma errada naquele momento.
Finalmente, interrompi o silêncio, dispensando Julieta com uma ordem firme e implacável:
— Providencie um voo para São Paulo o quanto antes. Eu irei pessoalmente acabar com esses planos de casamento.
Ela assentiu sabendo que não havia espaço para questionamentos e partiu rapidamente para cumprir a minha ordem, consciente da extrema delicadeza daquele assunto.
Enquanto o avião cruzava os céus em direção a São Paulo, eu revirava em minha mente todas as possibilidades de abordagem. Sentia-me traído e decidido a deixar claro para Chiara que tal atitude não seria tolerada.
Ninguém iria se aproveitar da minha afilhada, eu iria garantir isso pessoalmente. Afinal, Don Antonio me deixou com essa responsabilidade e eu não iria falhar com uma pessoa que foi tão importante para mim.
Fui diretamente do aeroporto para a mansão onde Chiara morava desde que eu assumi os cuidados com ela, seis anos atrás. Hoje com vinte anos, ela ainda está sob a minha responsabilidade e não fará nada sem o meu consentimento. Afinal, eu sou seu tutor e administro todos os bens deixados em seu nome.
— Senhor Castellani! — Henriqueta falou com grande surpresa — O que faz aqui?
Eu encarei a senhora a quem eu deixara responsável diretamente pelos cuidados com Chiara e senti dificuldade em controlar meu temperamento ao falar com a mulher em quem tanto confiei durante anos.
— Como isso aconteceu, Henriqueta? Diga-me como eu só estou sabendo agora que Chiara pretende casar-se?
Meu tom foi duro e cheio de frieza. Eu não pouparia a mulher, uma vez que ela foi ineficiente em suas obrigações para comigo.
— Eu acreditei nas palavras dela, Senhor Castellani, sinto muito. Não imaginei que ela fosse capaz de nos enganar assim — murmurou Henriqueta, com lágrimas nos olhos.
Ela tentou se desculpar, seus olhos marejados denunciavam sua angústia. Explicou que Chiara estava sempre mentindo para ela, escondendo seus encontros clandestinos com um homem, e que apenas no dia anterior ela tomou conhecimento sobre o fato. A senhora estava visivelmente abalada pela revelação e entendi que ela também sentia-se traída pela pupila que tanto cuidou.
Eu, embora ainda indignado, consegui perceber que Henriqueta também estava sendo manipulada pelas mentiras de Chiara. Entendi que a jovem encontrou formas de enganar a todos, criando uma teia de mentiras para seguir com seus planos sem que eu ou Henriqueta suspeitássemos.
Suspirei, sentindo-me desgastado pelas emoções conflitantes. Sabia que agora não era o momento de buscar culpados, mas de resolver a situação com a minha tutelada.
— Onde está Chiara? — questionei, decidido a enfrentá-la pessoalmente.
Henriqueta informou que Chiara havia saído com a desculpa de que iria resolver alguns detalhes sobre o novo curso que tinha escolhido na faculdade. Agradeci as informações e pedi um momento a sós para refletir sobre o que faria em seguida.
Em meu escritório na mansão, analisei a situação com cautela. Decidi que enfrentaria Chiara, expressaria minha desaprovação, mas também deixaria claro que estava disposto a ajudá-la, desde que ela fosse honesta e compreendesse as implicações de suas ações.
Quando Chiara finalmente retornou à mansão, Henriqueta foi imediatamente ao meu encontro me informar sobre o fato. Pedi a ela que dissesse que não havia a mínima possibilidade de Chiara fugir de mim desta vez.
O tempo parecia se arrastar, e mais de vinte minutos se passaram. Eu estava prestes a levantar de minha cadeira e procurar Chiara por toda a casa para finalmente confrontá-la. Diferente das tentativas anteriores em São Paulo, onde eu não obtive sucesso em me aproximar dela, hoje seria diferente; eu estava decidido a encarar Chiara cara a cara, não importa o que acontecesse.
Lembrei-me de todas as vezes em que Chiara agiu de forma evasiva, sempre se esquivando de falar comigo e apresentando desculpas para evitar me encontrar. Mas dessa vez, as coisas seriam diferentes.
Finalmente, ouvi passos se aproximando e uma leve batida em minha porta. Antes mesmo que ela estivesse à minha frente, eu estava certo de que era Chiara.
— Posso entrar? — indagou Chiara ainda do lado exterior.
—Sim! — Eu autorizo sem conseguir conter a irritação em minha voz.
Fiquei genuinamente surpreso com a garota à minha frente. Eu não fazia a menor ideia do quanto Chiara era bela e o quanto ela havia mudado nos últimos quatro anos. Na verdade, ela era espetacularmente linda e eu não esperava reagir dessa forma diante daquele fato. Respirei fundo, controlando minhas emoções antes de falar.
— Henriqueta avisou que desejava falar comigo.
ChiaraO último ano foi um verdadeiro teste para nós, mas, contra todas as probabilidades, emergimos mais fortes. A decisão de enfrentar tudo um pelo outro revelou-se algo especial e sólido para o nosso amor. Consigo ver com clareza que nunca amei realmente o Rafael e o fato dele ter sido usado por Petrov para se aproximar de mim não foi o motivo para o nosso afastamento. Rafael era apenas um bode expiatório, que não tinha a menor noção de onde estava se metendo. Um mulherengo irresponsável, que desejava se dar bem ao lado de alguma herdeira. Theodoro descobriu isso através das escutas instaladas no apartamento e no celular de Rafael. E eu realmente não senti nada ao tomar conhecimento dos fatos. Eu nunca o amei.Felizmente, Vittorio mergulhou mais fundo nos negócios legítimos dos Castellani, afastando-se gradualmente da máfia. A busca por um equilíbrio entre a responsabilidade mafiosa e a segurança para nós dois tornou-se sua prioridade. Enquanto isso, eu me entregava a causas socia
VittorioApós estabilizar a situação de Theodoro, decidi que precisava localizar Domenico, que ainda aguardando a chegada de Domenico, senti a ansiedade corroer minha paciência. Ao ligar para ele, a voz do meu filho trouxe um alívio momentâneo.— Estamos ao lado de Don Antonio. Petrov perdeu o controle do carro, capotou várias vezes e não resistiu aos ferimentos. Algumas pessoas que se aproximaram para ajudar chamaram uma ambulância, mas ela não chegou a tempo. Um inimigo a menos.O impacto da notícia reverberou em mim, misturando-se a um turbilhão de emoções. Domenico prosseguiu:— Estamos a caminho do galpão. Perdemos o paradeiro dos outros russos.Ao repassar as informações para Laura e Chiara, percebi a delicadeza necessária, especialmente porque Theodoro estava desacordado devido à anestesia.— Eu detesto isso — Laura murmurou, horrorizada, seus olhos refletindo a carga emocional que ela carregava — Quero apenas voltar para casa e esquecer tudo o que aconteceu.A frieza em meu ol
ChiaraEu estava à beira do desespero. Perdi totalmente a noção do tempo no horrível lugar em que Laura e eu estávamos, mas tinha certeza de que se passaram muitas e muitas horas desde que fomos trancadas e presas ali. Sentia-me profundamente responsável por Laura, e a ideia de algo acontecer com ela por minha causa era avassaladora. Não me perdoaria se algo de ruim acontecesse a ela por ter sido arrastada para essa situação toda.— Você não tem culpa de nada, Chiara — Laura disse, como se lesse meus pensamentos — Você não escolheu ser filha de um mafioso e não quis estar envolvida nessa terrível disputa.— Mas eu aceitei ficar em Palermo! Aceitei! E você não teria sido sequestrada por Theodoro se não fosse por minha causa!Naquele momento, a porta se abriu e meu coração acelerou em uma mistura de esperança e apreensão. O medo pela vida de Laura me consumia, especialmente após as palavras cruéis de Genevieve, reforçando que Laura não passava de uma peça descartável nos planos sádicos
TheodoroA operação de resgate das nossas garotas estava em andamento, e a ansiedade tomava conta de mim enquanto esperava pelo momento em que poderia ver Laura novamente. Foi somente quando descobri que ela estava em perigo, especialmente considerando que era vista como "descartável" pelos nossos inimigos, que percebi a intensidade dos meus sentimentos por ela. Agora, mais do que nunca, sentia a necessidade de tê-la protegida ao meu lado, e estava determinado a levá-la de volta comigo para São Paulo. Apenas precisava que ela aceitasse e desejasse essa mudança.No momento, todos os nossos esforços estavam concentrados no resgate de Laura e Chiara, na captura de Petrov e em sair da mansão de Genevieve com o mínimo de baixas possível. Já tínhamos conseguido entrar na casa e surpreender os russos, usando Genevieve como escudo. Agora, o foco era encontrar Petrov, sabendo que ele não estava no Brasil, como tentou nos fazer acreditar, mais uma vez usando Rafael como bode expiatório. Mas ele
VittórioEu me sentia extremamente angustiado enquanto aguardava a chegada de Genevieve. O dia havia sido extremamente desafiador, repleto de tentativas de traçar um plano para resgatar Chiara sem causar grandes danos à minha família. Embora relutante, percebi que a opção mais eficiente e menos problemática seria a estratégia de usar Genevieve como escudo para entrar em sua casa, então concordei em esperar pelo encontro com a traidora.Como era de se esperar, Andrei Petrov entrou em contato. Porém, ao rastrear a ligação, constatamos que ele não estava em Palermo, o que era completamente incompreensível para mim e para os demais. Não fazia sentido. A ligação indicava que ele estava no Brasil. Theodoro agiu imediatamente, acionando todos os homens em São Paulo com a missão de encontrar Petrov.Genevieve recusou a sugestão de encontrar-me na Villa Castellani, alegando desejar maior privacidade. No entanto, não aceitei sua proposta de realizar o encontro em sua casa, pois compreendi que s
ChiaraA escuridão me envolvia de maneira apavorante enquanto eu me encontrava em um local desconhecido e frio. A preocupação pela segurança de Laura intensificava a sensação de impotência, pesando em meu coração. Ela tinha se arriscado por minha causa, e isso aumentava ainda mais a carga emocional que eu carregava.— Laura, você não deveria estar aqui. — Sussurrei, nossos olhares se entrelaçando na penumbra do lugar onde estávamos detidas.Ela sorriu, tentando transmitir confiança, mas seus olhos denunciavam a mesma inquietude que eu sentia.— Eu não poderia deixar você sozinha. Estamos nisso juntas.A porta se abriu abruptamente, revelando a figura de um homem alto e loiro, seu olhar frio percorrendo a sala. Era evidente que estávamos diante de indivíduos perigosos, o que apenas aumentava minha ansiedade.— O que querem de nós? — perguntei com irritação.O homem, cujo rosto permanecia oculto nas sombras, respondeu com uma voz grave.— Informaremos quando for o momento certo.De repe
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