CAPÍTULO 6

ANYA DEVEREUX.

Há presenças que preenchem… e ausências que devoram.

Victor se prepara silenciosamente para partir com uma seriedade grave que eu nunca havia visto antes nele. Seus olhos, normalmente tão brilhantes e cheios de vida vibrante, estão agora sombrios e distantes, como se já estivessem mentalmente no campo de batalha. Ele me abraça com uma força silenciosa e desesperada, e suas palavras carregadas de despedida são suaves, quase como um sussurro rouco: — Anya, prometo solenemente que voltarei para você. Lembre-se sempre do que construímos juntos e mantenha-se forte, não importa o que aconteça.

Suspiro profundamente e faço um gesto positivo com a cabeça, tremendo, lutando contra as lágrimas, e o acompanho lentamente até a saída imponente do castelo juntamente com seus pais preocupados, sentindo o peso esmagador de cada passo que dou em direção ao futuro incerto e ameaçador. Quando a comitiva parte finalmente, levando-o para longe, o céu parece desabar literalmente em lágrimas geladas, como se estivesse lamentando profundamente a separação dolorosa que está acontecendo. Somos recém-casados, mal tivemos tempo juntos, não tivemos uma lua de mel adequada devido às ameaças constantes do Norte contra o condado vulnerável de Aldirin e, para a nossa segurança coletiva, desistimos relutantemente de viajar.

👑

O tempo passa dolorosamente lentamente desde a partida de Victor. Cada dia interminável sem ele parece uma eternidade torturante, e a saudade devastadora que sinto é quase insuportável. Decido, nesta manhã particular, ir conversar com a rainha Elara e o rei Kholyn na sala majestosa do trono, tentando desesperadamente manter uma aparência de normalidade e força diante deles. Sorrio fracamente com a alegria genuína da rainha ao dizer animadamente que nos reuniremos com as mulheres necessitadas de um vilarejo próximo. Mas minha atenção se volta bruscamente para um soldado que entra abruptamente na sala, seu rosto marcado visivelmente pela urgência e pelo medo profundo. O rei se levanta imediatamente alarmado, sua expressão mudando dramaticamente para uma mistura preocupante de curiosidade e apreensão ao ver o soldado se aproximando rapidamente. Sinto meu coração acelerar violentamente, pressentindo com terror crescente que algo está terrivelmente errado.

O soldado, com um olhar de desespero absoluto, começa a falar com voz trêmula: — Majestades, milady… Trago notícias urgentes.

— Notícias? Que notícias? — o rei pergunta, a voz tensa.

— Notícias trágicas da guerra. — Ele respira fundo. — A caminho do campo de batalha, encontramos alguns pertences pessoais do príncipe Victor.

As palavras dele são como um golpe brutal de vento frio, que paralisa completamente o ambiente. Sinto minhas pernas fraquejarem perigosamente, e a rainha se levanta bruscamente, seu rosto ficando pálido como cera. O soldado continua, sua voz trêmula: — Encontramos apenas a espada dele, a coroa do príncipe e partes significativas de sua armadura. A armadura está completamente destruída, arranhada profundamente com marcas inconfundíveis de garras e coberta abundantemente de sangue, mas não há absolutamente nenhum sinal de seu corpo.

As lágrimas começam a rolar incontrolavelmente pelo meu rosto, e tento desesperadamente me manter de pé, mas a dor avassaladora é insuportável. O rei, com um semblante de determinação sombria, ordena imediatamente e com autoridade que uma busca extensa seja iniciada para encontrar o corpo de seu filho mais novo.

A notícia devastadora da perda de Victor se espalha rapidamente por todo o reino, e a busca é meticulosa e incansável, mas, apesar dos esforços exaustivos e contínuos, o corpo de Victor não é encontrado em lugar algum. Os meses passam lentamente e, com cada dia que passa sem notícias concretas, a esperança frágil parece se esvair completamente. Finalmente, o rei, com um pesar profundo e insuportável, chega à conclusão dolorosa de que Victor foi brutalmente morto por uma fera selvagem. O luto oficial é declarado solenemente, e o reino inteiro entra em um estado de dor coletiva e incerteza perturbadora.

Enquanto me encontro completamente imersa na tristeza esmagadora, a dor lancinante da perda é constantemente lembrada pelo vazio imenso que Victor deixou em minha vida. Mas a vida segue inexoravelmente em frente, como um rio que segue seu curso independentemente dos obstáculos. O rei e a rainha decidem, com pesar, que o melhor para mim é que eu volte para a casa dos meus pais, para ficar junto da minha família, e que o luto será possivelmente amenizado por estar ao lado deles.

👑

Já em minha casa familiar, a atmosfera é decepcionantemente fria e distante, quase hostil. Meu pai, sempre ocupado com seus próprios assuntos egoístas e tentando desesperadamente fazer alianças políticas para salvar o nosso povo, não parece muito interessado em meu sofrimento profundo. Ele agora encara a memória de Victor como a de um homem fraco e indigno, cuja morte no campo de batalha é motivo de desdém cruel, e suas palavras insensíveis não ajudam em nada a aliviar a dor intensa que sinto.

— Victor não deveria ter morrido tão facilmente — meu pai diz com uma frieza indelicada e cruel, parado rigidamente na porta de meu quarto, enquanto mamãe me abraça protetoramente. — Um homem de verdade não se deixaria cair tão pateticamente perto do campo de batalha. Você é uma vergonha para esta família, fica chorando pelos cantos como uma criança, e isso fez o rei e a rainha devolvê-la para nós como um fardo.

Eu me esforço tremendamente para manter a compostura diante de suas palavras insensíveis e cruéis, mas é terrivelmente difícil não sentir a dor profunda que essas declarações venenosas causam. Helena, minha prima, não faz questão alguma de esconder seu desprezo evidente. Sua inveja antiga por minha felicidade passada se transforma facilmente em um comportamento hostil e mesquinho, tornando o ambiente doméstico ainda mais insuportável.

— Sinceramente, Anya, não vejo por que você está tão dramaticamente arrasada. — Helena comenta com um tom desagradável de desdém, enquanto me observa sentada nas almofadas que estão sob o banco na janela ampla do meu quarto. — Ele não era tudo isso que você pensa.

A única pessoa que realmente parece compreender genuinamente minha dor é minha mãe amorosa. Ela é a única fonte verdadeira de conforto e apoio incondicional que tenho, uma presença gentil e reconfortante em meio à indiferença geral e à hostilidade que encontro constantemente em casa.

— Querida, eu sei profundamente o quanto você amava Victor — minha mãe diz com ternura, com um olhar de profunda tristeza e compreensão genuína. — Estou aqui para você, sempre, e farei absolutamente tudo que puder para ajudá-la a passar por isso. — Ela me abraça apertado, e eu me permito chorar em seus braços.

Em meio ao desamparo esmagador, encontro algum consolo precioso na presença dela. Mesmo que o resto da minha família não entenda ou se importe com a profundidade da minha dor, minha mãe me lembra constantemente que ainda há amor verdadeiro e compreensão genuína no mundo.

Enquanto tento dolorosamente me ajustar à nova realidade cruel, o luto pela perda devastadora de Victor se torna uma parte constante e permanente da minha vida. As memórias preciosas e a dor lancinante permanecem, inseparáveis, mas a força inabalável e a dedicação incondicional de minha mãe me ajudam a enfrentar cada dia difícil, mesmo quando a esperança parece perigosamente distante.

Flashback off.

Abro lentamente os meus olhos pesados, olhando as folhas balançarem suavemente contra o vento pela janela da cabana. No entanto, o vazio imenso deixado por Victor é uma sombra constante e opressora, e eu me pergunto com desespero se algum dia encontrarei a paz verdadeira novamente. Mas assim que a pergunta angustiante vem, ela traz imediatamente a minha resposta dolorosa… Nunca! Pois a minha paz era o amor da minha vida, o homem extraordinário que me fez enxergar a beleza delicada das flores de outra forma completamente nova e ter a certeza profunda de que tudo na vida tem sua força singela e a determinação necessária para ser feliz, mesmo nas circunstâncias mais adversas.

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