Capítulo 25

SAVANA

O céu estava limpo quando atravessei o pátio da Estância, o sol começando a dourar as cercas ainda úmidas da chuva da noite passada. O ar tinha aquele cheiro verde, fresco, que só existe nas manhãs depois da água — como se a terra respirasse com calma, com as veias abertas.

Pisei na grama molhada e senti o orvalho encharcar a barra da calça, mas não me importei. Gosto desse silêncio de antes das coisas começarem. Gosto de ouvir os primeiros passos do gado, os estalos do madeiramento do galpão despertando, o rangido preguiçoso dos portões de ferro. É o som da Estância acordando — e, de alguma forma, é o meu também.

Na noite anterior, quando Caleb ficou na varanda com aquela garrafa de leite na mão, eu percebi que algo dentro de mim mudou. Não foi um acontecimento gritante — foi um desvio de eixo, pequeno, perigoso, que me acompanha desde então. Hoje, até o vento parece mais cheio de significado.

No galpão de pasteurização, os peões eram como formigas silenciosas: um organizava a
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