CALEB
Eu estava na varanda de casa, só com a lamparina no batente acesa. O pátio estava úmido, as poças brilhando sob a luz pálida da lua. A noite trazia um vento calmo, quase cúmplice.
O som dos grilos me acompanhava, enquanto eu pensava no dia. Na verdade… nela.
Na forma como Savana atravessou a manhã sozinha, no jeito que ela fala pouco e faz muito, no olhar dela quando soube que o lote tinha sido aprovado.
Não houve fogos, não houve brado. Só aquele sorriso calado — igual ao do pai dela quando a chuva vinha no tempo certo.
Meu pai, que ainda estava acordado, veio sentar-se na rede, com a manta cobrindo-lhe as pernas e a respiração pesada de quem carrega mais história do que o corpo.
— Deu certo, não foi? — perguntou, sem desviar os olhos do céu.
— Deu. O leite passou no teste. Amanhã ela começa a entregar.
— Eu sabia. — Ele deu um leve tapinha no braço da poltrona. — A menina tem pulso.
“Menina”.
Eu sorri por dentro. Savana não era mais só a garota que foi embora da fazenda para a