CALEB
Eu não esperava que um dia comum na Estância fosse me tirar o chão, mas é assim que acontece com as coisas que realmente importam — elas não avisam. Chegam no meio do barulho de motores, cheiro de leite e botas sujas de barro.
A manhã já tinha começado bonita: céu limpo, cheiro de terra molhada, o campo respirando manso. Depois da chuva, a fazenda sempre parece mais viva. Mas hoje… havia outra coisa no ar. Eu sentia. Desde que a vi atravessando o pátio com aquela prancheta na mão, focada, como quem carrega o mundo sem pedir ajuda.
Savana tem esse jeito de entrar num lugar e bagunçar meu silêncio inteiro — e nem precisa perceber que faz isso.
Savana.
A mulher que voltou como quem não deve explicação nenhuma. E que, sem dizer uma palavra, colocou a Estância no eixo. E me tirou dele.
Desde que ela voltou, a Estância mudou de ritmo.
Não foi um vendaval — foi uma ventania boa, dessas que limpam a poeira sem derrubar a cerca. O pessoal trabalha diferente, com mais atenção. A cooperati