A casa surgiu diante de mim, escura, esquecida. O que um dia foi o refúgio mais bonito que minha mãe teve, agora parecia apenas uma sombra. As paredes descascadas, o telhado marcado pelo tempo, as janelas cobertas por uma poeira espessa.
Empurrei a porta com esforço, ouvindo o rangido alto que ecoou pela sala. A primeira coisa que vi através da iluminação da lua através de frestas da janela e porta, foram os lençóis brancos cobrindo os móveis. Ou melhor, o que restava deles. Amarelados, rasgados em alguns pontos, pesados de pó. Toquei um deles e senti a aspereza do tecido, levantando uma nuvem que me fez tossir.— Como ele pôde deixar isso assim? — minha voz saiu baixa, quase um sussurro, mas cheia de raiva.Meu pai tinha construído aquilo por amor a ela. Por amor à mulher que foi sua vida. Como ele podia permitir que o lugar apodrecesse dessa forma? Como ele conseguiu enterrar nossas lembranças junto com aquelas paredes?Caminhei mais para dentro