O carro avançava pela cidade silenciosa, e o som dos pneus no asfalto era a única coisa que me mantinha no presente. Eu arriscava olhares de lado, e cada vez que pegava Isabela mordendo o lábio ou mexendo distraída no cabelo, parecia esquecer por um instante o peso do que carregávamos.
— Não precisava ter insistido tanto — ela disse de repente, num tom suave, quase tímido. — Eu realmente estou acostumada a voltar sozinha.
Sorri de canto, sem tirar os olhos da rua. — Eu sei. Mas… deixa eu me preocupar um pouco, vai.
Ela me olhou de lado, e o brilho nos olhos dela era tão limpo, tão sincero, que me deu um aperto no peito. — Você é diferente, Dante.
Engoli seco, tentando não me perder naquele olhar. Diferente. Eu, que vivia cercado de segredos, de máscaras, de gente pronta para puxar o tapete. O jeito dela, simples, honesto demais, era quase desarmador.
— Talvez eu não seja tão bom quanto você pensa. — minha voz saiu mais baixa do que eu queria, quase uma confissão.
Isabela franziu o cen