Elena ainda estava deitada quando os soluços cortaram o silêncio da madrugada. Seus olhos se abriram devagar, despertos não pelo costume dos pesadelos de Ariana, mas por algo diferente. Aquele não era o choro infantil e agudo que aprendera a reconhecer... era grave, arrastado, masculino. Um som que carregava uma dor tão crua que pareceu ecoar dentro dela.
Pisou descalça no chão de madeira fria, e o arrepio que percorreu seu corpo implorou por abrigo sob as cobertas. Mas havia algo mais forte que o conforto: a necessidade de entender aquela dor. Seus pés a levaram até o corredor silencioso, onde a penumbra era quebrada apenas pela tênue luz amarelada que iluminava o corredor.
Parou em frente à porta de onde vinham os soluços. Tentou girar a maçaneta — trancada. O som do clique seco a fez bufar em frustração, e, derrotada, deixou o corpo escorregar lentamente até se sentar encostada na madeira. Encostou a testa nos joelhos, mas não conseguia afastar o som dos lamentos. Havia algo naquel