Dante se virou como quem desperta de um pesadelo profundo — atônito, como se o mundo tivesse desabado em silêncio sobre seus ombros. Os olhos, vermelhos e marejados, se arregalaram ao encontrarem os de Elena. Por um instante, tudo pareceu suspenso: o tempo, o ar, até mesmo o barulho suave do vento que sibilava do lado de fora. O susto era mútuo. Ele jamais imaginara vê-la ali, tão perto, e ainda mais naquele estado: os cabelos soltos dançavam levemente com a brisa fria, a pele, quase translúcida sob a luz pálida da lua, arrepiada pela madrugada cruel. A camisola de seda negra colava-se ao seu corpo, rendida ao vento gelado que se insinuava pela varanda da mansão. Mas o que mais o desarmou, o que realmente o fez vacilar, foi o olhar dela — tão limpo, tão profundamente humano. Não havia julgamento, nem repulsa. Havia compaixão. E, acima de tudo, havia dor compartilhada.
Elena congelou. Por um segundo, não conseguia se mover, nem piscar. Seus olhos, enormes e brilhantes, vasculharam o ro