A tarde deslizava preguiçosa por entre as frestas das cortinas da mansão quando Alice ouviu o som do carro se afastando. Sabrina havia saído com uma amiga, e a casa — silenciosa — parecia guardar a respiração. Havia dias em que o vazio era mais ruidoso que o caos. A ausência de Daniel ainda se espalhava pelos corredores, mas agora, diferente das últimas semanas, deixava um rastro de lembrança... e desejo.
Alice suspirou. Estava na sala de estar, ajeitando as flores do vaso de vidro. Era a terceira vez que mudava a posição delas, e ainda assim não conseguia se concentrar. Desde a última conversa com Daniel, algo dentro dela se agitava como se estivesse à beira de uma decisão — daquelas que não se volta atrás.
Ela tentou resistir. Tentou se convencer de que era cedo demais. Que confiar de novo era perigoso, que a saudade era uma armadilha. Mas a lembrança do toque dele, da voz dele, da maneira como a olhava quando acreditava que ela não estava prestando atenção, era mais forte.
Alice es