Os dias já não doíam como antes.
A dor da ausência da mãe continuava ali — num cheiro, numa canção, numa receita escrita à mão guardada no fundo da gaveta —, mas agora vinha como brisa, não mais como tempestade.
O luto ainda vivia em Alice, mas não a paralisava. Ela começava, devagar, a levantar-se por dentro.
Naquela manhã, o sol atravessava as janelas da mansão com generosidade. Alice estava sentada na antiga varanda de madeira, os cabelos presos num coque solto e um lápis entre os dedos. No colo, um caderno de esboços. No peito, o nascimento de um novo desejo.
Camila surgiu logo depois com uma das gêmeas no colo, a blusa manchada de leite e um sorriso cansado e cúmplice.
"Ela não quer dormir sem escutar sua voz," disse, entregando o bebê com carinho.
Alice a recebeu com um beijo na testa da filha. Era incrível como já conseguia diferenciar o choro de cada uma. Sentia-se conectada a elas de um modo que jamais imaginara possível.
"Esses olhos me salvam todos os dias," murmurou, embal