O apartamento de Diana ficava no décimo segundo andar de um prédio antigo na Bela Vista. O elevador sempre fazia um estalo estranho entre o décimo e o décimo primeiro, como se estivesse prestes a parar. Ela já se acostumara a rezar baixinho nesses segundos, mesmo sem acreditar em nada.
A porta do apartamento rangia quando ela a empurrava. O corredor estreito cheirava a desinfetante barato, que a vizinha do lado usava em excesso. Dentro, o silêncio era imediato. A cama desarrumada desde a manhã, a pia da cozinha com dois pratos de ontem, o copo de vinho pela metade na mesa de centro.
O escritório de advocacia onde trabalhava era frio de outro jeito. Pilhas de processos, clientes que nunca lembravam o nome dela, apenas chamavam “doutora”. O diploma na parede era a cicatriz de um sonho que não era dela. Quis ser atriz. Chegou a fazer curso na adolescência, peças pequenas no teatro do bairro. Mas os pais cortaram cedo: “Isso não dá futuro, Diana. Você precisa de algo sólido. Direito é res