Naquela noite, no quarto, tentou escrever sobre o que sentia. A caneta arranhava o papel, mas nenhuma palavra parecia suficiente. Não era só ciúme. Era como se o mundo tivesse repetido a lição: Ayla sempre teria algo que ela nunca teria. Atenção. Até a atenção de quem Diana secretamente desejava.
Olhou para o espelho. O reflexo mostrava a postura ereta, o cabelo bem penteado, a expressão contida. Uma perfeição vazia. Pensou em desmanchar tudo, bagunçar o cabelo, rasgar o caderno. Mas não fez. Apenas chorou em silêncio, o rosto escondido no travesseiro.
Na manhã seguinte, os olhos ainda inchados, ouviu os pais brigando com Ayla por alguma bobagem. E, por dentro, um pensamento venenoso sussurrou: “Mesmo quando erra, ela é mais viva do que eu sendo perfeita”.
E foi ali, sem alarde, que nasceu a raiz amarga. Não do amor perdido por Erlon, mas da constatação dolorosa de que Ayla sempre brilhava, até sem tentar. Enquanto Diana mal sabia respirar sem pedir desculpas.
***
Os dias se passa