Enya
Eu tava exausta. O corpo todo doía, e a cabeça parecia um tambor batendo no fundo do meu crânio. A Bruna voltou no bar depois de correr atrás dele e me pegou quase desmaiada. Me arrastou de volta pra casa como se eu fosse um fardo leve, mas eu sentia o peso do mundo nas minhas costas.
Quando chegamos, ela me deitou na cama sem dizer nada. Eu fechei os olhos e só consegui pensar no cheiro dele ainda grudado na minha pele. Um toque que eu lembrava melhor do que o rosto dele.
Eu apaguei.
Acordei só no dia seguinte, com o corpo todo molenga, como se a febre da noite passada ainda estivesse grudada na pele. Levantei devagar e fui pro banheiro. Deixei a água quente cair no meu corpo, tentando lavar tudo — o medo, a vergonha, as palavras da Nádia que me cortavam como faca.
Foi no meio do banho que ouvi a porta bater forte. Um baque seco que me fez estremecer. Eu parei, a água ainda escorrendo pelo meu rosto, e escutei a voz da Bruna na sala. Ela tava discutindo com alguém.
— O que vocês