Capítulo 22
Enya
Depois que ele saiu, fiquei um tempo sentada numa das duas cadeiras da mesinha de café — que também servia de mesa de estudos. O apartamento era pequeno, mas eu me sentia confortável ali, longe do porco do Rômulo e da omissa da minha irmã.
Eu amava a Nádia, mas ela se apaixonou por aquele homem. Lembro de quando se conheceram na faculdade de Direito. Sim, Nádia é advogada formada, mas o crápula nunca deixou que ela exercesse a profissão. A carteirinha da ordem virou só enfeite.
Eles estavam em períodos diferentes quando se esbarraram pelos corredores: ele quase se formando, ela ainda caloura. Lembro com tristeza de como ela falava dele com encantamento — dizia que era o amor da vida dela. Não demorou muito para se casarem.
Eu e Nádia temos sete anos de diferença; ela é a mais velha. No primeiro ano de casamento, o marido dela parecia exemplar: carinhoso, romântico, faziam viagens — até comigo era gentil. Quando nossa mãe morreu, eu ainda tinha dez anos, mas no casament