Capítulo 21

Érico

Saí da faculdade com a cabeça fervendo. O ar frio da tarde parecia aliviar um pouco, mas o aperto no peito não passava.

Enquanto caminhava pelas calçadas meio desertas, vi um rapaz segurando uma bebezinha no colo — ela usava um macacão cor de rosa e balançava os bracinhos como se fosse dona do mundo.

Por um instante, fiquei parado, olhando.

“E se fosse uma menina também?”, pensei.

Aquela vozinha maldita sussurrou no fundo: “Você nem tem certeza se é seu…”

Mas eu calei essa voz.

A Enya não era do tipo aproveitadora. Tinha um jeito de quem carrega muito nas costas, mas não de quem faz jogo sujo.

Continuei andando, empurrando pra longe a dúvida que me mastigava por dentro.

Quando cheguei ao apartamento, quem abriu a porta foi a Bruna — com aquele jeito meio debochado, meio dona da situação.

Ela me mediu de cima a baixo e sorriu.

— Olha só, Érico Monteverde filho! — falou, carregando o nome como se fosse um troféu de sarcasmo.

Ergui a sobrancelha, confuso.

— Como você sabe meu nome?
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