Clara acordou mais tarde do que de costume naquela manhã. O corpo ainda reclamava das últimas semanas, mas havia algo diferente em sua respiração. Ao abrir os olhos e ver Miguel ao lado da cama, segurando uma bandeja simples com café e pão fresco, sentiu um calor que não vinha apenas do sol que entrava pelas frestas da cortina.
— Você não precisa fazer isso todos os dias — disse, sorrindo de leve.
Miguel pousou a bandeja sobre a mesa de cabeceira, com aquele jeito prático que parecia já conhecer cada movimento dela. — Eu sei que não preciso. Mas quero. — E, inclinando-se, completou em voz baixa: — Quero que você lembre que não está sozinha, Clara. Nunca mais.
Ela desviou o olhar, como quem tenta se proteger. O coração acelerava, não pelo café quente ou pelo cheiro de pão recém-saído do forno, mas pela certeza que começava a se formar dentro dela: Miguel não era um amparo temporário. Ele era escolha.
As horas seguintes correram lentas, mas Clara as aproveitou. Sentou-se na varanda com