A manhã parecia comum, mas o peso do segredo pairava no ar como um cheiro invisível. Eu já não olhava para ele como antes. Cada movimento dele era uma peça no tabuleiro que agora estava sob meu controle. O homem que me usou, me enganou e me sacrificou não fazia ideia de que eu já havia descoberto cada parte da trama.
Preparei a mesa do café, as mãos firmes, o coração frio. Quando ele desceu as escadas, o sorriso automático estava lá, mas havia rachaduras. Olheiras profundas, olhos inquietos. Ele já não dormia bem.
— Dormiu mal de novo? — perguntei, mexendo o café.
— Só preocupado com a empresa — disse rápido, desviando o olhar.
Sorri com calma. — Interessante… ontem ouvi na TV algo sobre transferências internacionais suspeitas. Imaginei que te deixaria inquieto.
O som da colher contra a xícara dele parou. Ele me encarou, surpreso, mas tentou disfarçar.
— Não sei do que está falando.
— Claro que não — respondi, colocando a xícara diante dele. — Só uma curiosidade.
Sentei-me em frente e