O outono chegou trazendo ventos mais frios, folhas amareladas pelo chão e uma certa melancolia que parecia se infiltrar nos ossos. Clara percebia, a cada manhã, que o corpo já não respondia como antes. As longas noites de vigília, os dias repletos de reuniões e atividades, tudo começava a cobrar o preço. Um cansaço profundo, que não era apenas físico, mas parecia nascer nas entranhas, insistia em acompanhá-la.
Numa tarde, durante uma roda de conversa, sentiu uma tontura súbita. A sala rodou por alguns segundos, mas ela se recompôs, sorrindo como se nada tivesse acontecido. Não queria preocupar ninguém. No entanto, Luana percebeu.
— Você ficou pálida — sussurrou ao se aproximar. — Está tudo bem?
Clara acenou com a cabeça. — É só cansaço.
Mas por dentro sabia que não era apenas isso.
Nos dias seguintes, Miguel insistiu para que ela procurasse um médico. Clara relutava, como sempre fizera diante da fragilidade. Acostumara-se a ser o pilar, a referência, a raiz que sustentava tantas outra