Elena não era mais a mulher que entrava em salões com um vestido vermelho e um sorriso venenoso. Agora, suas roupas estavam amassadas, os cabelos desalinhados, e a maquiagem mal escondia o cansaço nos olhos. Procurou Clara em um lugar improvável: uma pequena praça no centro da cidade, onde o barulho dos carros misturava-se ao canto distante de pássaros. Clara estava sentada em um banco, lendo calmamente, como se o mundo ao redor não estivesse desmoronando.
Elena se aproximou, ofegante, como uma fugitiva que finalmente encontra seu último refúgio.
— Precisamos conversar — disse, sem rodeios.
Clara ergueu os olhos do livro e a encarou em silêncio por alguns segundos. Depois, fechou a página com cuidado. — Você não tem mais nada a me dizer.
Elena sentou-se ao lado dela, as mãos trêmulas. — Eu tenho tudo a dizer. Não vim implorar, vim negociar.
Clara soltou um riso breve, quase cruel. — Negociar? Você perdeu o direito de pedir qualquer coisa.
— Não, escute — a voz de Elena saiu apressada,