A porta da frente se abriu com violência, batendo contra a parede. Adriano entrou às pressas, o coração disparado, o suor colando a camisa ao corpo. Cada passo pelo corredor ecoava o mesmo pensamento: preciso encontrá-la, preciso impedir que vá embora.
— Clara! — gritou, a voz mais desesperada do que gostaria de admitir.
O silêncio respondeu. Um silêncio que não era de descuido, mas de abandono. Ele percorreu a sala, a cozinha, subiu as escadas quase tropeçando, até alcançar o quarto. E quando abriu a porta, a ausência caiu sobre ele como um soco.
A cama estava arrumada, como se ninguém tivesse deitado nela. O guarda-roupa, meio vazio. As gavetas, abertas apenas o suficiente para revelar o espaço deixado para trás. As malas sumiram. Clara tinha ido embora.
— Não… — murmurou, sentando-se na beira da cama, o corpo trêmulo. — Isso não pode estar acontecendo.
Foi então que notou o envelope sobre a escrivaninha. O mesmo envelope que ela deixara no jantar, agora acompanhado de outro, maior,