Helena
Quando Felipe pronunciou o nome, algo dentro de mim desabou com um estrondo mudo. Lucas. A sílaba saiu da boca dele como uma sentença. Meu corpo congelou — as mãos desacertaram o copo, a garganta travou — e eu só consegui implorar por silêncio, um pedido inútil que já vinha tarde demais.
O dia seguinte passou por mim como se eu fosse transparente. Sentei-me na minha mesa e fui apenas um vulto: os dedos tocavam o teclado, mas não produziam nada, os relatórios se acumulavam enquanto minha cabeça viajava para lugares que eu tentava manter enterrados. Cada lembrança que surgia era uma lâmina — imagens cortadas, vozes sufocadas, cheiros que me puxavam de volta para um passado que jurei soterrar.
Lucas. O nome reverberava no peito como um tambor, apertando, tornando difícil respirar. Senti o gosto metálico do medo na boca, as palmas das mãos úmidas, a respiração curta. Felipe não pode me encontrar dessa forma — não pode ter a chave do meu passado rodando nas mãos daquele homem que tr