Felipe
A porta da minha sala se fecha atrás de nós com um clique seco — e, de repente, o ar parece mais pesado. Como se cada molécula soubesse que estamos prestes a cruzar uma linha que não permite retorno. Seguro a caixa preta nas mãos como se fosse um artefato radioativo. Talvez seja. Talvez vá explodir tudo mesmo — não com fogo, mas com verdades.
Helena se senta no sofá, inquieta. Suas mãos tremem de leve, mas sua coluna permanece ereta, o queixo firme. Ela pode sentir medo, mas jamais se curva a ele. Eu a amo por isso. E, ao mesmo tempo, isso me apavora.
— Felipe… — ela chama, suave, mas incisiva — o que você acha que tem nesse pen drive?
— Nada de bom. — respondo, ligando meu laptop reserva, que nunca se conecta à rede da empresa. — E tudo que é necessário para acabar de uma vez por todas com esse inferno que estamos vivendo durante todo esse tempo.
O computador inicializa. O silêncio é tão profundo que consigo ouvir o coração de Helena batendo rápido. Ou talvez seja o meu.