Helena
O silêncio da noite é tão espesso que quase posso tocá-lo. O carro avança pelas ruas vazias, e cada sombra parece maior do que deveria. A cidade inteira respira lento — mas eu não. Meu peito dói. Não pelo medo, mas por tudo o que ainda está por vir. Adrian nos deixou sair, e até agora, não sabemos quem está por trás de toda essa guerra. É evidente que existe alguém maior, mas quem seria esse pessoa, é o grande mistério.
Felipe dirige ao meu lado, os dedos cerrados no volante, o maxilar travado. Ele tenta parecer calmo. Não está. Eu sinto, pelo ritmo irregular da respiração, pelo tremor quase imperceptível no braço que toca o câmbio, pela forma como olha o retrovisor a cada cinco segundos.
Ele está prestes a explodir.
E eu também.
— Helena… — ele murmura, a voz grave, rouca, baixa demais. — Você tem certeza de que quer fazer isso agora?
— Tenho. — minha resposta sai firme, mesmo que minhas mãos estejam frias. — Não dá mais para fingir que não sei o que está acontecendo.
F