Helena
Saí do apartamento dele com as pernas trêmulas, como se o chão tivesse virado vidro sob meus pés. Cada passo era uma ameaça de queda. O ar da noite é frio, mas o que me gela por dentro não vem do vento — vem do beijo.
Aquele beijo.
Maldito e necessário.
O tipo de toque que a alma reconhece antes mesmo que o corpo entenda o que está acontecendo.
Quando ele me puxou, por um instante o tempo voltou a ser o de antes. O mesmo sabor, a mesma urgência, o mesmo caos entre amor e destruição. Meu corpo o reconheceu como quem volta pra casa — mas minha mente gritou o contrário: não volte para o incêndio.
E ainda assim, eu o beijei de volta.
Por um segundo, me permiti acreditar que ali, entre raiva e arrependimento, poderia haver redenção.
Mas não há.
Felipe Diniz continua sendo o homem que me faz arder e sangrar na mesma medida.
O tapa que dei não foi só nele — foi em mim também. Uma tentativa desesperada de acordar daquilo que sempre nos devora.
Sigo pela rua com o coração latejando, lem