Helena
O som da porta batendo atrás de nós ecoa como um estalo que sela um destino. Não só o de Felipe. O meu também. Felipe me puxa pelo corredor com passos longos, rápidos, urgentes, como se cada segundo fosse uma chance a menos de evitar o pior. Eu quase preciso correr para acompanhar. Ele está tenso demais, tomado demais, focado demais. Mas não é só isso. É medo. O tipo de medo que só existe quando você sente que pode perder alguém que não deveria ter entrado na sua vida — mas entrou mesmo assim.
— Felipe… — tento falar, ofegante — o que ele quis dizer com “sigam o cheiro de fumaça”?
Ele não responde. Não imediatamente. Seu maxilar está duro, a respiração pesada, as mãos fechadas em punhos ao lado do corpo quando finalmente me solta para apertar o botão do elevador com força.
— Felipe, olha pra mim.
Ele não olha. Não consegue.O elevador demora três segundos. Três segundos que parecem um século. Quando a porta abre, ele entra. Eu entro atrás. A porta fecha. E só então ele desaba —