Helena
O silêncio que cai sobre a sala não é normal. Não é humano. É denso, elétrico, como se o ar estivesse esperando o momento exato para explodir. Felipe dá um passo na minha direção. Instintivo. Protetor. Como se meu simples surgimento ali fosse um convite para a destruição — e ele precisasse se colocar entre mim e qualquer coisa que respira. Mas Adrian ergue uma das mãos, apenas um gesto, e o ar muda. É impressionante como alguém tão podre por dentro consegue parecer tão… no controle.
— Deixe ela entrar, Felipe — ele diz, com uma calma falsa. — Você vai querer que ela escute isso.
Meu corpo inteiro quer recuar. Mas minha mente não deixa.
Eu entro.
Fecho a porta atrás de mim.
E sinto Felipe virar uma estátua do meu lado — o corpo rígido, pronto para reagir ao menor movimento suspeito. Se o inferno tivesse um cheiro, seria esse que sinto agora: medo contido e ódio antigo.
— Adrian — digo, lutando para manter a voz firme — o que exatamente você quer?
Ele usa meu nome como quem mani