Felipe Diniz
A primeira noite na prisão tem cheiro de ferro, mofo e lembranças. Não existe silêncio aqui — só o som dos passos distantes, das portas se fechando, das almas que perderam o direito de sonhar. Eu deveria estar em pânico. Mas não estou. Porque, pela primeira vez em anos, não preciso fingir ser o homem que o mundo esperava. Aqui dentro, não existe Diniz Cosmetics, nem números, nem poder. Só eu — e a verdade crua que sempre evitei encarar.
Sou culpado.
Não só pelos crimes que cometi. Mas por ter acreditado que podia controlar o amor como quem manipula ações na bolsa. E o nome dela ainda me persegue como uma febre.
Helena.
Os dias seguintes passam lentos, como se o tempo tivesse desaprendido a andar. A cela é pequena, fria, mas ironicamente silenciosa — o tipo de silêncio que grita. Deito na cama dura e olho para o teto rachado, tentando entender em que ponto o garoto que sonhava com o amor dela virou o homem que destruiu tudo por orgulho.
Não há resposta.
Só o eco da voz del