Helena
Quando o beijo terminou, o mundo pareceu se reduzir àquele instante. Ele encostou a testa na minha, e senti o calor que sempre existiu entre nós, mesmo antes de entender o que era amor.
— Eu não sei ser bom pra você, Leninha. — sua voz, grave e hesitante, tocou cada lembrança que eu guardava de nós dois.
E eu me lembrei dos verões na casa da praia, das tardes em que ele segurava minha mão enquanto corremos pelo quintal, da promessa silenciosa de sempre proteger um ao outro. Do jeito torto, imperfeito, mas sincero, daquele menino que se tornou homem.
— Então tenta ser verdadeiro, Lipe. — murmurei, quase sem fôlego. — Só uma vez.
Ele respirou fundo, como se cada palavra fosse arrancada do fundo da alma.
— Tudo o que fiz… foi por medo de te perder. Desde o dia em que seu pai me expulsou, tudo o que eu queria era provar que eu podia te ter. Que era digno de você.
As lágrimas escorriam agora, quentes, misturando dor e desejo, lembranças e saudade. Cada gesto dele evocava a infância