Helena
À noite, recebo uma mensagem de Adrian:
"Há verdades que você precisa ouvir. Amanhã. 21h. No meu escritório."
Penso em ignorar. Mas parte de mim — a parte que quer encarar o passado — aceita o convite.
O escritório dele é luxuoso e silencioso.
Luzes baixas, taças de vinho, um quadro de Goya na parede. Um cenário de guerra disfarçado de elegância.
A porta se fecha atrás de mim com um clique tão suave que chega a ser cruel.
Adrian não se move de imediato. Ele apenas me observa — como quem avalia não uma mulher, mas uma peça em movimento num tabuleiro que só ele acredita controlar.
A tensão no ar é densa.
Quase palpável.
— Fico feliz que tenha vindo. — ele diz, deslizando a taça de vinho pelo tampo escuro da mesa. — Há quem fuja da verdade. Mas você… não parece o tipo.
— A verdade não me assusta. — respondo, mesmo sentindo o coração acelerar.
Ele sorri como quem acabou de encontrar o ponto exato onde pretende pressionar.
— Veremos.
Passo os olhos pela sala.
O luxo