Felipe
Helena empalidece. Não porque duvida de mim — mas porque entende exatamente o que significa quando eu digo sem piedade. Ela abre a boca para falar algo, talvez para me impedir, talvez para tentar me puxar de volta para o único lugar em que ainda tenho freio: ela. Mas eu não posso ser puxado agora. Não hoje.
— Lipe… — ela sussurra, a voz tremendo como se cada sílaba pudesse alterar o destino de alguém — você não pode ir assim. Não desse jeito.
Eu seguro o rosto dela entre minhas mãos. A pele quente, o olhar assustado, a respiração presa. E, ainda assim, a força. Sempre a força.
— Eu preciso ir. — digo. — Ele colocou você no alvo. Ele me colocou no escuro. E isso… — minha voz falha por um instante, mas eu não recuo — isso eu não perdoo.
Ela fecha os olhos, como se tentasse encontrar dentro de si a coragem certa para não dizer a frase que eu vejo nascendo no fundo do olhar.
— Lipe… e se for uma armadilha?
Eu passo o polegar pela bochecha dela.
— Então ele vai descobrir que eu tamb